Dolores Aveiro é a capa da edição de junho da revista Cristina. Numa longa entrevista à apresentadora de televisão Cristina Ferreira, a mãe de Cristiano Ronaldo fala das dificuldades que passou durante a infância e sobre a morte da mãe — quando tinha apenas seis anos –, aborda o nascimento de Cristianinho e o casamento do filho com Georgina Rodríguez.

A entrevista, que já estava marcada há algum tempo, acabou por se realizar em Cannes, onde, tanto a apresentadora como a mãe de Ronaldo se encontravam a propósito do Festival de Cinema de Cannes.

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Sobre o neto: “No princípio, chocou-me o Cristianinho não ter mãe”

A mãe do jogador de futebol confessou que no início lhe fez confusão o neto não ter mãe. “Foi bem resolvido. No princípio chocou-me [não ter mãe]. Depois demos a volta e conseguimos criá-lo com muito amor”, acrescentando que vê no neto “um menino especial”.

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“Da maneira como o criei, sempre senti que era a mãe e a avó. E, para mim, ele é um menino especial porque lhe falta a mãe ao lado”, explicou acrescentando que sempre lhe transmitiu os valores e amor que tinha. “E por ele eu morro. Por ele e por todos. Mas o Cristianinho é uma criança diferente”, prossegue.

Para o futuro do neto prevê um futuro brilhante, mais até do que o do pai. “Para falar a verdade, ele tem mais jeito  do que o Ronaldo tinha com a idade dele”, diz, explicando que tudo o que Ronaldo aprendeu “foi pela sua cabeça” e o Cristianinho “está a aprender com o pai”.

Sobre Georgina: “É uma futura nora”, disse sobre Georgina

Na entrevista à revista, Dolores Aveiro não andou com rodeios. Quando a apresentadora da TVI lhe perguntou se gostava da companheira do filho, Dolores foi rápida na resposta: “Gosto da Georgina. Gosto. É a mãe da minha neta. É uma futura nora. Ainda não é nora. É futura nora. E é uma pessoa calma”.

Sobre o casamento do jogador de futebol com a modelo Georgina Rodríguez, de 24 anos, a mãe do craque foi também direta. “Eles [órgãos de comunicação] que esperem sentados. Um dia logo se vê o casamento”, concluiu.

Sobre a morte da mãe e o pai: “Do meu pai, nunca tive um beijo, um abraço”

Sobre a infância, a mãe de Cristiano Ronaldo recorda os tempos as dificuldades que os pais passaram. A mãe vivia dos bordados e o pai era “uma pessoa que bebia, não tinha responsabilidade nenhuma”, acrescentando que “era mesmo pobreza” e que chegavam a passar fome. “Muitos vizinhos ajudavam a minha mãe com um prato de comida e a minha mãe dividia por todos e muitas vezes deitava-se sem comer”, contou.

A mãe morreu quando tinha 37 anos e deixou oito filhos por criar — um deles com nove meses. “Tinha seis anos quando perdi a minha mãe. Fui para um orfanato com um irmão. Lutei até ao fim e hoje em dia ainda luto”, disse emocionada. “Mãe é mãe e hoje, como sou mãe e avó, isso tudo custa, porque foi uma dor muito grande”, rematou.

Sobre a mãe recorda que”era muito carinhosa”, mas que  “não tinha tempo” para dar o carinho que desejavam “porque a vida dela era trabalhar”, o que não acontecia com o pai. Mais tarde, Dolores voltou para casa do pai que tinha voltado a casar. “Éramos treze. Pensei que ia ser melhor, mas foi um inferno”, contando que não estudou mais por decisão paterna. “Passei para a quarta classe, mas o meu pai tirou-me da escola”. Dele, do pai — com quem começou a trabalhar aos 12 anos a fazer cestos –, recorda que nunca recebeu um carinho: “Do meu pai nunca tive um beijo, um abraço…”

Sobre os filhos: “Quando engravidei nem sabia por onde saíam os bebés”

Dois anos depois de casar, aos 19, Dolores Aveiro engravidou pela primeira vez. À revista recorda essa altura da sua vida: “Quando engravidei, nem sabia por onde saíam os bebés”. Hoje, com 63 anos, é mãe de quatro filhos: Elma, de 44 anos, Hugo, de 43, Katia, de 40, e Cristiano Ronaldo, de 33.

Sobre o filho mais novo disse que não lhe falta nada e que tudo aquilo que conseguiu alcançar foi com esforço. “Ele lutou por aquilo que tem. Acho que ele tem tudo, ele tem um bom coração, é humilde, é bonito, tem filhos bonitos, acho que ele tem tudo”, afirmou.

Sobre o casamento: “Tentei pôr fim à minha vida”

Com Cristina, falou ainda sobre o longo casamento com José Dinis Aveiro — que morreu em 2005, num hospital em Londres para onde o Ronaldo o levou, devido a problemas hepáticos e renais. Durante os anos que viveu ao seu lado, Dolores sofreu maus tratos que a levaram a atentar contra a própria vida. “Tentei pôr fim à minha vida”, contou a mãe de Ronaldo, explicando que o marido a agredia. “Quando veio do Ultramar, maltratava-me muito”, recordou.

Confessou ainda que nunca se chegou a divorciar do marido “por vergonha”, mas reforçou que o ele nunca maltratou os filhos: “Ele era carinhoso para os filhos”. Foi a eles, aos filhos, que Dolores Aveiro se agarrou: “Prendi-me aos meus filhos e disse ‘Vou lutar’. ‘Vou lutar’ e luto até hoje”.