A rede diplomática portuguesa reforça a partir de terça-feira a presença na China continental com a abertura de um consulado em Cantão, a terceira maior cidade do país, disse à agência Lusa o cônsul, André Sobral Cordeiro.

“Abrimos na terça-feira ao público”, afirmou Sobral Cordeiro, ressalvando que a abertura oficial será “mais tarde”, mas que o espaço passa já a prestar serviços consulares.

Trata-se do terceiro consulado de Portugal no continente chinês, depois de Pequim e Xangai, e terá como área de jurisdição as províncias de Guangdong, Hainan, Hunan, Fujian e a Região Autónoma de Guangxi. Localizada a cerca de 150 quilómetros de Macau, Cantão é a capital de Guangdong, a província chinesa mais exportadora e a primeira a beneficiar da política de Reforma e Abertura adotada pelo país no final dos anos 1970.

Com quase 110 milhões de habitantes, Guangdong conta com três das seis Zonas Económicas Especiais da China – Shenzhen, Shantou e Zhuhai. Foi também ali que, em 1513, os portugueses se tornaram os primeiros europeus a chegar à China pela via marítima, numa frota comandada pelo explorador Jorge Álvares. Em 1517, o diplomata português Tomé Pires chegou a Cantão, enviado pelo rei de Portugal, tornando-se o primeiro chefe de uma missão diplomática de uma nação europeia no país asiático.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Portugal conta ainda com nove centros de emissão de vistos na China, distribuídos pelas cidades de Pequim, Xangai, Hangzhou, Nanjing, Chengdu, Shenyang, Wuhan, Fuzhou e Cantão, e um consulado-geral em Macau, região semiautónoma chinesa outrora administrada por Lisboa.

A abertura do novo consulado surge numa altura em que as relações entre os dois países atravessam uma “era dourada”, segundo as autoridades de ambos os lados.

Segunda maior economia mundial, a seguir aos Estados Unidos, a China tornou-se, nos últimos anos, um dos principais investidores em Portugal, comprando participações em grandes empresas das áreas da energia, seguros, saúde e banca, enquanto centenas de particulares chineses compraram casa em Portugal à boleia dos vistos ‘gold’.

Em 2017, o número de chineses que visitaram Portugal cresceu 40,7%, para 256.735, segundo dados oficiais. Há treze anos que Portugal não inaugurava uma representação diplomática.