O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, que esta tarde vai ser elevado a cardeal pelo Papa Francisco, disse esta manhã que a sua elevação ao cardinalato não “institui uma tradição como existe em Lisboa”, pelo que não é de esperar que os próximos bispos da diocese de Leiria-Fátima sejam, automaticamente, nomeados cardeais.
Em conferência de imprensa no Vaticano esta manhã, perante a imprensa portuguesa e internacional, D. António Marto tornou a sublinhar que a elevação a cardeal é uma oportunidade de continuar a ser “um colaborador próximo” na “reforma da Igreja que o Papa Francisco quer levar para a frente”.
Contudo, a horas da celebração que o vai formalmente elevar a cardeal, D. António Marto não sabe ainda qual a missão concreta que lhe vai ser atribuída e diz não querer antecipar-se à escolha do líder da Igreja Católica. “Estou em total disponibilidade de serviço para o que o Papa quiser”, disse, no final, aos jornalistas portugueses.
[Veja no vídeo a viagem que o Observador fez com D. António Marto a Roma]
Uma coisa é certa: D. António Marto não planeia deixar a diocese onde está. “Não penso que esteja no horizonte”, afirmou, sublinhando que o seu contributo “será dentro da Conferência Episcopal”, no “trabalho colegial”. “Como tanto outros cardeais que permanecem na sua diocese, espero também eu permanecer”, destacou.
“Não queria que as expectativas fossem demasiadas”, acrescentou ainda, aos jornalistas portugueses, advertindo para o facto de fazer parte de uma conferência episcopal e de o seu principal trabalho ser, sobretudo, “sinodal”, em conjunto com os outros bispos.
Sobre os motivos que levaram à sua escolha para cardeal, o bispo voltou a insistir na ideia de que o centenário de Fátima foi um fator decisivo. “Penso que essa peregrinação é um dos motivos da nomeação cardinalícia”, disse, reconhecendo porém que “a nomeação é pessoal”.
Para D. António Marto, o Papa Francisco é um Papa que “intui em muito pouco tempo o valor daqueles que vivem a Igreja”. Por isso, o líder da Igreja Católica “intuiu a projeção universal da mensagem de Fátima para a Igreja universal, perseguida, num ambiente hostil”, numa altura em que “a Humanidade está ameaçada de destruição”.
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Esta tarde, na primeira vez que vai estar pessoalmente com o Papa Francisco depois da nomeação para cardeal, D. António Marto diz que vai aproveitar a ocasião para “agradecer” ao Papa. “Vou agradecer-lhe e dizer-lhe de toda a minha disponibilidade para o serviço” na reforma da Igreja, afirmou.
Mas a reforma não será fácil, admite. “Sempre houve na Igreja várias tensões, houve aqueles que resistiram depois de cada concílio”, explicou, lembrando os cismáticos que não aceitam o Concílio Vaticano I e os lefebvrianos que resistem ao Concílio Vaticano II. “Esta reforma do Papa Francisco também terá resistências”, sublinhou.