Poder-se-ia dizer que Rui Rio não gostou do comentário de Marques Mendes no domingo à noite na SIC. Mas, a acreditar nas palavras do próprio Rio, nem sequer o viu. “É alguém que eu já não ouço há bastante tempo”, disse o líder dos sociais-democratas esta segunda-feira quando confrontado pelos jornalistas com as palavras do comentador da SIC.
No domingo, Marques Mendes disse que “Angola usou Rui Rio para dar uma bofetada política ao Governo português”, referindo-se à viagem onde o presidente do PSD se encontrou com o Presidente angolano João Lourenço e com o líder do MPLA, José Eduardo dos Santos. A viagem, continuou Mendes, foi “claramente” organizada por Angola e “não é nada normal uma visita combinada completamente em segredo e em antecipação à viagem do primeiro-ministro”.
Marques Mendes: Visita de Rio a Angola é “bofetada política” de Luanda a Governo de Costa
Em resposta, Rui Rio alegou desconhecimento daquilo que foi dito por Mendes, mas foi mais longe: “o que ele disse não sei, e sobre Angola menos saberia porque ele próprio tem interesses em Angola.” Com a acusação feita, o presidente do PSD recusou que a sua deslocação a Angola tenha causado algum mal-estar no Governo de António Costa, salientando o “simbolismo” de uma visita que diz ser uma “ajuda” nas relações entre os dois países.
“Não senti nenhum mal-estar com o Governo português, de forma nenhuma”, afirmou Rui Rio quanto questionado pelos jornalistas no final de uma reunião com a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), que decorreu esta segunda-feira no Porto, acrescentado que “talvez pudesse ter sentido isso se, em vez de agora, tivesse ido lá há dois ou três meses”.
Rui Rio diz que reuniões em Luanda foram de “grande relevo” para Portugal
Salientando que as reuniões que manteve com o presidente de Angola e com o presidente do MPLA correram “excecionalmente bem”, Rio apontou o “simbolismo” do encontro que, “sendo bom para o PSD – que desde o tempo de Cavaco Silva e Durão Barroso sempre teve relações privilegiadas com o MPLA – é, acima de tudo, bom para Portugal”.
Para lá de eu ir lá como líder partidário, também fui lá como dirigente político português, independentemente do partido, e foi assim também que a própria comunicação social local me viu. Nesse aspeto é uma ajuda para que as relações entre Angola e Portugal possam melhorar relativamente aquilo que foi este período mais recente”, sustentou.
Questionado pelos jornalistas, o líder do PSD disse não ter comunicado a realização da visita ao Governo português – até porque “não tinha de ser comunicada” — e reiterou que o encontro “foi bom para Portugal”.
“Aquilo que eu vejo é que haverá algumas pessoas incomodadas, que procuram agora atirar areia para a engrenagem procurando estragar aquilo que por Portugal conseguiu ser feito”, acrescentou.
