O realizador francês Luc Besson foi acusado por várias mulheres de comportamento impróprio e agressão sexual, denúncias que surgem depois de, em maio, uma atriz ter apresentado queixa por violação contra o autor de filmes como “O Quinto Elemento”, “Nikita – Dura de Matar” ou “Leon, o Profissional”.
O website francês de jornalismo de investigação Mediapart recolheu testemunhos de várias mulheres “descrevendo comportamentos sexuais impróprios por parte do realizador”. A publicação avança que uma antiga diretora de casting, que trabalhava com Luc Besson, escreveu no início deste mês ao procurador da República de Paris a denunciar o que qualifica como “agressões sexuais”. No entanto, a Agência France Presse (AFP) refere que a Procuradoria de Paris disse que desde maio que não recebeu quaisquer queixas relativas a Luc Besson.
A mulher, de 49 anos, que preferiu manter o anonimato, fala num clima de trabalho “muito sexualizado”, assim como “em gestos e comportamentos impróprios”, que considera serem “agressões sexuais”. A antiga diretora de casting, que disse ter sido “uma testemunha e uma vítima”, sentiu que deveria falar depois de ter lido nos jornais, em maio, que a atriz Sand Van Roy tinha acusado Luc Besson de violação.
Na altura em que a acusação da atriz foi tornada pública, o realizador negou que tal tivesse acontecido, referindo tratar-se de “acusações fantasistas”. O advogado de Luc Besson, confrontado pelo Mediapart com as novas acusações, disse que o realizador só responderia a questões da polícia.
Além da diretora de casting, outras duas mulheres partilharam com o Mediapart que Luc Besson se “comportou de forma imprópria” com elas. Uma delas, atriz, relatou encontros profissionais com Luc Besson em quartos de hotel, no início dos anos 2000, e atos de violência por parte do realizador de 59 anos, que se terá “atirado” sobre ela.
Estas acusações surgem na sequência do “caso Weinstein”. Em outubro do ano passado surgiram as primeiras denúncias públicas contra Harvey Weinstein, com mais de uma centena de mulheres a testemunharem que o produtor de Hollywood tinha abusado sexualmente delas. O escândalo desencadeou a campanha #Time’sUp, que levou à queda de centenas de homens de lugares de poder de numerosos setores, e ao movimento #metoo, com outras mulheres a denunciarem publicamente terem sofrido situações de abuso sexual.
Depois das primeiras denúncias, Harvey Weinstein foi afastado da empresa norte-americana Weinstein Company, que cofundou, e banido de várias associações, nomeadamente da Academia de Cinema dos Estados Unidos, que atribui os Óscares. Na segunda-feira, o produtor de 66 anos foi libertado sob fiança, em Nova Iorque. No total, Weinstein está acusado de seis crimes, como agressão predatória e violação em primeiro e terceiro graus, relacionados com três mulheres. As acusações dizem respeito a casos ocorridos em 2004, 2006 e 2013.
O produtor norte-americano entregou-se no passado dia 25 de maio às autoridades em Nova Iorque, no âmbito de uma investigação judicial sobre agressões e abuso sexual, tendo saído em liberdade, depois de pagar uma caução de um milhão de dólares (864 mil euros). Na altura, as acusações pendiam sobre casos envolvendo oficialmente duas mulheres.