A atriz Mira Sorvino contou que, na primeira audição que fez, foi amarrada a uma cadeira e amordaçada com um preservativo. Na altura, tinha apenas 16 anos. “O diretor de casting tratou-me de forma totalmente inapropriada“, disse a atriz norte-americana no podcast da Hollywood Press Association.

Sorvino foi uma das atrizes que acusou Harvey Weinstein na sequência dos escândalos de abuso e assédio sexual de que o produtor norte-americano foi acusado, tendo sido uma das vozes que mais tem apoiado o movimento #MeToo. Desta vez, contou mais algumas das experiências pelas quais passou, mas não falou em nomes.

Para me assustar, para a cena do filme de terror, ele amarrou-me a uma cadeira, magoou-me o braço, e eu tinha 16 anos, depois amordaçou-me (…) no fim tirou a mordaça da minha boca e disse: “Desculpa pelo preservativo.” Ele amordaçou-me com um preservativo”, relembrou.

Com 50 anos, Sorvino questiona hoje aquela situação: “Foi tão inapropriado, e o que estava um diretor de casting a fazer com um preservativo no bolso durante uma audição?“. Depois acrescentou que esta foi uma das primeiras “introduções” à forma como funciona “o sistema” — “Quando és jovem, não questionas”, disse, explicando que achava que tinha de se submeter a situações humilhantes como aquela para conseguir entrar nos filmes.

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Mira Sorvino foi afastada de produções depois de ter dito ‘não’ a Weinstein

As pessoas tiram proveito dessa ideia que temos. Aproveitam-se sempre“, prosseguiu, acrescentando que teve de passar por outros episódios do género ao longo da sua carreira, como diretores que lhe diziam que, se mantivesse relações sexuais com eles, o “papel” era dela. Sorvino diz que esta situação lhe aconteceu “inúmeras vezes”, mas porque nunca o fez, chegou mesmo a perder oportunidades de participar em alguns filmes.

A atriz não se fica por aqui e chega mesmo a dizer que “um grande realizador, conhecido pelo perfil de justiça social” lhe disse num casting: “Sabes, assim que olho para ti, a minha mente não pode evitá-lo. Viaja sobre possibilidades artísticas e sexuais“. “Acho que a minha boca se abriu de espanto e o meu silêncio foi ensurdecedor”, disse Sorvino sobre o momento em que ouviu estas palavras.

Este ano, Mira Sorvino já tinha contado à revista norte-americana The New Yorker que Weinstein a tentou forçar a manter uma relação física quando trabalhavam juntos. O caso em específico remonta a 1995, durante o Festival Internacional de Filmes de Toronto, onde a atriz foi submetida a uma situação desagradável quando se encontrou com o produtor num quarto de hotel: “Ele começou a massajar-me os ombros, o que me deixou muito desconfortável, depois tentou algo mais físico”.