O Banco Nacional de Angola (BNA) decidiu esta terça-feira descer a taxa de juro base para 16,5%, a primeira mexida em sete meses, cortando ainda no coeficiente das Reservas Obrigatórias em moeda nacional, face aos indicadores económicos positivos.
As decisões constam da nota oficial sobre a reunião mensal do Comité de Política Monetária (CPM) do BNA, realizada esta terça-feira, a qual serve para avaliar os indicadores de crescimento económico e as contas fiscais e monetárias, e “foram possíveis”, lê-se no documento, “em virtude da redução da taxa de inflação homóloga nacional pelo oitavo mês consecutivo”. “Assim como as projeções que apontam para que a mesma [inflação] se situe abaixo do previsto na Programação Macroeconómica Executiva para o ano (23%). Adicionalmente, espera-se uma tendência para a redução das taxas de juro de crédito na economia”, anunciou o CPM.
Além de reduzir a Taxa BNA, face aos 18% anteriores, o CPM decidiu também manter a taxa de juro da Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez inalterada, cortando ainda o coeficiente das Reservas Obrigatórias para os depósitos em moeda nacional, para 17%. Na última reunião, no final de maio, o CPM já tinha decidido reduzir esse coeficiente de 21% para 19%.
O coeficiente das Reservas Obrigatórias em moeda estrangeira mantém-se nos 15%.
A taxa de juro, cujas variações podem servir para controlar a evolução da inflação, esteve fixada, em Angola, até julho de 2014, em 8,75%, após um corte, na altura, de meio ponto percentual. Aumentou em 2015 para 9%, iniciando então um ciclo de subidas, com três aumentos só em 2016, o último dos quais em junho (do mesmo ano). Esteve fixa em 16% até final de novembro último, altura em que aumentou para 18%, por decisão do BNA, que agora retomou os cortes.
A inflação em Angola, medida pelo Índice de Preços no Consumidor Nacional (IPCN), que inclui todas as províncias, aumentou 1,26% no mês de junho, face a maio, com uma variação homóloga, a 12 meses, de 19,52%, o valor mais baixo dos últimos meses, após um pico de mais de 40% em 2016.
Devido à crise decorrente da quebra na cotação internacional do petróleo, Angola viu reduzir a receita fiscal para cerca de metade desde 2015, assim como a entrada de divisas no país, agravando o custo das importações e o acesso a produtos, inclusive alimentares, cujos preços dispararam.