O Ministério Público francês decidiu abrir um inquérito a um colaborador do presidente francês Emmanuel Macron que agrediu um manifestante durante um protesto no 1º de Maio, em Paris. O caso foi divulgado pelo jornal Le Monde, que revelou que Alexandre Benalla, que trabalha num gabinete no Eliseu, agrediu violentamente um manifestante que já estaria controlado pela polícia.

Benalla estaria equipado com uma viseira igual à da polícia e não só agarrou o manifestante pelo pescoço como o pontapeou já depois deste ter caído ao chão. Os polícias assistiram a tudo sem nada fazer. Após a agressão, Benalla afastou-se rapidamente, mas toda a cena de violência ficou registada em vídeo.

O inquérito do Ministério Público vai investigar Benalla por “violência por parte de pessoa encarregada de missão de serviço público, usurpação de funções e usurpação de equipamento reservado à autoridade pública”.

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O Le Monde denunciou que, após estas agressões, o colaborador teve como castigo uma discreta sanção: uma suspensão de 15 dias. Passado esse tempo, continuou a trabalhar no Eliseu, onde tem gabinete. Apesar de fazer parte do gabinete, o seu nome não aparece no organigrama oficial e eram poucos, segundo o Le Monde, os que conheciam o seu rosto. Só a segurança, os jornalistas que fazem a cobertura da presidência e os conselheiros e funcionários do Eliseu é que sabiam quem era Benalla. Isto apesar de — após a polémica — a imprensa francesa ter recuperado vários eventos públicos em que Benalla aparece ao lado de Macron.

Um antigo responsável nacional pela Segurança do Partido Socialista Francês, Eric Plumer, conta ao Le Monde que Benalla era um jovem que fazia segurança de artistas quando este o colocou como segurança pessoal de Martine Aubry, antiga líder do Partido Socialista Francês, durante as primárias de 2011, que esta acabaria para perder para François Hollande. Depois disso, Plumer colocou Benalla a trabalhar na campanha de François Hollande nas Presidenciais de 2012. Em 2017, chega à equipa de Emmanuel Macron e as suas ideias começam a ser ouvidas (e aplicadas) em matéria de segurança.

A oposição já veio exigir sanções para o colaborador de Macron. O porta-voz do Eliseu, Bruno Roger-Petit, disse esta quinta-feira de manhã que Benalla — na sequência do episódio de agressões — já tinha sido afastado por quinze dias (sem remuneração) e que também tinha sido afastado do planeamento da segurança das viagens presidenciais. “Esta sanção serviu para punir comportamentos inaceitáveis e foi comunicada [a Benalla] como a última advertência antes de ser demitido“, afirmou Roger-Petit. Quando a seleção francesa regressou da Rússia, Benalla foi o responsável pela defesa dos jogadores e estava no autocarro durante a descida dos Campos Elísios.

Ganha agora especial importância um tweet que Emmanuel Macron nesse mesmo dia 1 de maio de 2018 a condenar a violência das manifestações do 1º de maio e a garantir que tudo seria feito para que os autores desses atos de violência fossem “identificados e responsabilizados pelas suas ações”.