O Valor Acrescentado Bruto (VAB) da agricultura cresceu 6,5%, em termos nominais, em 2017, após uma redução de 1,5% em 2016, com os pomares a apresentarem “excelentes produções”, com registos recordes de maçã, cereja, kiwi, laranja e amêndoa.
De acordo com dados esta sexta-feira divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), os pomares de macieiras registaram um máximo histórico de produção, cerca de 330 mil toneladas (uma subida de 36,3% face a 2016), com os frutos a apresentarem “bons calibres”.
A variação do VAB reflete fundamentalmente, segundo o instituto, o acréscimo de 4,4% na produção do ramo agrícola (contra uma descida de 2,4% em 2016), em resultado de um acréscimo em volume (de 3,8%) e da estabilização dos preços base (0,6%).
O consumo intermédio registou um acréscimo de 3,1%. As produções de cereja e laranja foram as maiores das últimas décadas, beneficiando das boas florações e de desenvolvimentos vegetativos adequados.
Também o kiwi, com uma produção de 35,4 mil toneladas (mais 68% face a 2016), alcançou a campanha mais produtiva de sempre, devido à entrada em plena produção de plantações recentes. Nos frutos secos destacam-se os amendoais com uma produção de 20 mil toneladas (mais 131,1% face a 2016), a maior deste século.
O INE destaca ainda a produção de azeite, que ultrapassou 1,47 milhões de hectolitros (mais 94,1% face a 2016), em grande parte justificada pelas condições meteorológicas favoráveis, correspondendo à campanha mais produtiva desde que há registos sistemáticos.
O ano agrícola 2016/2017 caracterizou-se meteorologicamente como muito quente (2017 foi o segundo ano mais quente desde 1931) e muito seco (2017 foi o terceiro ano mais seco), o que permitiu a realização dos trabalhos agrícolas da época.
A escassa pluviosidade manteve-se no inverno, encontrando-se no final de dezembro 78% do território em seca meteorológica fraca, agravando-se no final de janeiro para os 95%, com 3% do território já em seca moderada. Ainda assim as sementeiras dos cereais de inverno foram concluídas em condições agronomicamente aceitáveis, refere.
A primavera foi a terceira mais quente desde 1931, com valores de precipitação 25% abaixo da normal.
Este cenário permitiu a normal realização dos trabalhos agrícolas da época, mas condicionou o desenvolvimento das culturas de sequeiro e contribuiu para a diminuição do nível de armazenamento de água na maioria das bacias hidrográficas, o que obrigou ao ajustamento das áreas planeadas para as culturas de primavera/verão”, indica.
O verão de 2017 foi o sexto mais quente e o terceiro mais seco desde 2000, sendo classificado meteorologicamente como quente e extremamente seco.
“Ao longo deste período foi frequente a secagem completa de charcas e a acentuada diminuição do nível dos lençóis freáticos dos furos e poços, com implicações na capacidade de satisfazer as necessidades hídricas das culturas e na disponibilidade de água para abeberamento dos efetivos”, acrescenta.