Os custos resultantes de decisões políticas e de regulação em Portugal atingiram os 144 milhões de euros e foram um dos fatores que afetou os resultados do primeiro semestre da EDP que caíram 16% para 380 milhões de euros.

Em comunicado, a elétrica explica que as alterações regulatórias em Portugal, que resultam de decisões anunciadas no último trimestre do ano passado, retiraram 122 milhões de euros à margem operacional (o EBITDA) da elétrica que em termos consolidados caiu 10% para 1.722 milhões de euros. A este valor, há ainda a acrescentar 18 milhões de euros contabilizados, para além do previsto, e que resultam da decisão do Governo, conhecida já este ano, de homologar a proposta de acerto final dos CMEC (custos de manutenção do equilíbrio contratual) apresentada no ano passado pelo regulador, a ERSE.

Esta perda pode ainda ser maior, já que o valor final destes contratos não está fechado, uma vez que o Governo aguarda por saber qual o impacto financeiro das alterações que terão sido introduzidas no regime dos CMEC em 2007. A expetativa é que o resultado desta conta venha a ser mais negativo para a elétrica.

Governo impõe corte de 100 milhões à EDP e admite nulidade de atos políticos que validaram rendas

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Para além do corte nas remunerações devidas por estes contratos, que são uma das “rendas” que está sob escrutínio na comissão parlamentar de inquérito às rendas excessivas da eletricidade, a EDP refere mais duas medidas adotadas pelo Governo e que estão a penalizar os resultados. A mais significativa — de 33 milhões de euros — resulta da nulidade do mecanismo de clawback que permitia à elétrica recuperar no preço grossista uma parte dos custos que suportava com a contribuição extraordinária sobre o setor elétrico, a CESE), e a tarifa social.

No caso da tarifa social da eletricidade, que é suportada pela empresa, há ainda a registar uma subida de dois milhões de euros no seu custo. São ainda referidos fatores como a subida de impostos e novas taxas e um corte de 14% nas receitas da distribuição por indicação da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos.

Não obstante este impacto, a EDP destaca que os resultados recorrentes (sem efeitos extraordinários) subiram 5% para 457 milhões de euros no primeiro semestre, destacando que o crescimento na EDP Brasil e a melhoria do mercado na Península Ibérica “mais do que compensaram o efeito de alterações regulatórias em Portugal, anunciadas no quatro trimestre de 2017”.

A puxar pelos lucros, e contrariando parcialmente os efeitos adversos de decisões políticas, esteve o fim da seca e o acréscimo da geração hídrica em Portugal e Espanha.