O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, agradeceu esta sexta-feira ao líder norte-coreano, Kim Jong-un, a devolução dos restos mortais dos soldados norte-americanos que participaram na Guerra da Coreia (1950-1953).
“Depois de tantos anos, este será um grande momento para muitas famílias, graças a Kim Jong-un”, disse Trump através do Twitter. A troca de restos mortais dos soldados foi um dos pontos concretos acordados na cimeira de Singapura que decorreu em junho entre Donald Trump e Kim Jong-un. A Casa Branca já tinha anunciado que um avião C-17 da Força Aérea dos Estados Unidos, com membros do Comando das Nações Unidas para a Coreia a bordo, recebeu os restos mortais dos soldados na cidade costeira de Wonsan, na Coreia do Norte.
The Remains of American Servicemen will soon be leaving North Korea and heading to the United States! After so many years, this will be a great moment for so many families. Thank you to Kim Jong Un.
— Donald J. Trump (@realDonaldTrump) July 27, 2018
O Comando das Nações Unidas, numa outra nota oficial também divulgada esta sexta-feira, explicou que se trata de “55 caixões com os restos mortais dos soldados” que foram transportados para a base aérea de Osan, região de Pyeongtaek, a 70 quilómetros a sul de Seul, Coreia do Sul.
Os caixões foram recebidos “com solenidade” por uma guarda de honra e esperam agora pela cerimónia oficial de repatriação que a Administração dos Estados Unidos vai realizar no próximo dia 1 de agosto.
Pyongyang entrega alegados restos mortais de soldados norte-americanos
“Hoje, Kim Jong-un cumpre parte do compromisso que assumiu com o presidente (Donald Trump) para devolver os nossos soldados tombados. As ações da Coreia do Norte encorajam-nos porque são momentos marcados por mudanças positivas”, indicou a Casa Branca. Os caixões, cobertos com bandeiras azuis e o emblema das Nações Unidas, foram colocados em camionetas que esperavam na pista do aeroporto militar de Orsan.
A entrega “é um primeiro passo significativo para a repatriação dos restos mortais” dos soldados pela Coreia do Norte e para o início das operações de busca dos “restos mortais dos 5.300 militares” que morreram durante a guerra, acrescentou a Casa Branca.
Trump anunciou no passado dia 20 de junho que tinha começado o processo para a devolução dos restos mortais de 200 soldados por parte da Coreia do Norte, mas a entrega, em menor número do que estava previsto, só ocorreu esta sexta-feira. Mais de 36 mil soldados norte-americanos morreram na Guerra da Coreia e 7.700 desapareceram, 5.300 dos quais a norte do Paralelo 38, que divide a península coreana.
As equipas conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Norte recuperaram 229 corpos entre 1996 e 2005, mas Washington suspendeu o programa de busca devido à deterioração das relações entre os dois países. Mesmo assim, Pyongyang entregou seis corpos de soldados norte-americanos, aos Estados Unidos, em 2007.
De acordo com a imprensa norte-americana, médicos legistas que se encontram na base aérea de Osan, vão realizar durante os próximos cinco dias as primeiras análises aos restos mortais dos militares.
Após a cerimónia oficial de entrega, no dia 1 de agosto, os corpos vão ser trasladados para um laboratório do Pentágono no Havai onde vão ser levadas a cabo as operações de identificação através de provas de ADN. A entrega acontece no mesmo dia em que se assinalam os 65 anos da assinatura de cessar-fogo que pôs fim às hostilidades (1953) e num momento de aproximação entre os dois países marcado pela cimeira de Singapura em que a Coreia do Norte se comprometeu a “desnuclearizar” se Washington garantir a segurança do regime de Pyongyang.
Espera-se também que o novo ambiente de distensão nas relações entre os dois países sirva também para anunciar a assinatura do documento que estabeleça a paz entre os participantes na guerra, ato que a Coreia do Norte considera fundamental para proteger o país de uma invasão norte-americana.
A Guerra da Coreia começou na madrugada do dia 25 de junho de 1950 quando tropas norte-coreanas comandadas por Kim Il-sung, avô do atual líder, cruzaram o Paralelo 38 para invadir o território sul coreano.
A guerra prolongou-se durante três anos, após o envolvimento do Comando das Nações Unidas, liderado por Washington no apoio ao sul e do “Exército de Voluntários” da República Popular da China que se juntou ao norte. Estima-se que morreram mais de 2,5 milhões de civis em ambos os lados da fronteira entre 1950 e 1953.