Meghan Markle celebra este sábado o seu primeiro aniversário desde que se tornou membro da família real britânica. A data é, agora, duplamente especial para a rainha Isabel II: é que também a sua mãe nasceu a 4 de agosto. A duquesa de Sussex e a Rainha-Mãe nasceram no mesmo dia, mas tiveram percursos distintos até se tornarem membros da família real.

Hoje sabemos tudo – ou quase tudo – sobre a vida da duquesa de Sussex. Da infância em Los Angeles à vida em Nottingham Cottage, no Palácio de Kensington, da carreira de atriz, onde ficou conhecida pela personagem “Rachel Zane”, em “Suits” – e que foi também a última da sua carreira – à vida de “princesa” depois de ter casado com o príncipe Harry, o neto mais novo da rainha Isabel II. E ainda os escândalos com o pai.

Com 37 anos já fez muitas conquistas, à semelhança da Rainha-Mãe. Para lá das épocas bem distintas que as separam – uma nasceu em 1900 e outra 81 anos depois –, dos locais onde nasceram e ambientes em que cresceram, estas duas mulheres têm também traços em comum. Como era a vida da Rainha-Mãe aos 37 anos e que semelhanças há com a da duquesa de Sussex, que completa agora esta idade?

Meghan Markle. Uma afro-americana divorciada na corte de Isabel II

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Do mundo para a realeza britânica

Se fosse viva, a Rainha-Mãe faria hoje 118 anos. Nasceu Isabel Ângela Margarida Bowes-Lyon, no seio da nobreza britânica e a sua infância foi passada em St. Paul’s  e no Castelo de Glamis, Inglaterra. Ao contrário de Meghan, que já era uma cara conhecida do público, a mãe da rainha Isabel II só viria a sê-lo depois de casar com Alberto, o duque de Iorque, lê-se no Vision.

Aliás, é no casamento que vemos já algumas semelhanças. Não no vestido, nem na cerimónia, mas sim no facto de os príncipes as terem escolhido, mesmo não sendo elas pertencentes à realeza. Meghan Markle e a Rainha-Mãe “caíram”, portanto, num mundo bem diferente daquele a que estavam habituadas e tiveram de se adaptar a todas as regras e protocolos impostos pelo Palácio de Kensington. Na altura, o casamento entre Isabel e o duque de Iorque foi considerado um grande gesto a favor da modernização: afinal não era habitual que tal coisa acontecesse.

Talvez essa situação tenha servido quase como que uma porta aberta para aquele que viria a ser o casamento do ano de 2018. Passados mais de 90 anos – Isabel e Alberto casaram em 1923 –, também a união de Meghan com o príncipe Harry foi vista como um passo em frente na forma como a família real está perante o mundo e a sociedade, não só porque a duquesa vem de uma família comum, mas também pelo facto de ser divorciada e afro-americana.

Na altura do casamento real, aliás, na imprensa internacional lia-se que o casamento de Meghan e Harry era “um sinal de mudança”, que mostrava que a família real “está a abraçar a cultura”. Também Andrew Morton, autor da biografia autorizada de Diana, classificou este como um passo importante que faz com que pareça que a família real está mais próxima de uma sociedade moderna e multicultural. A verdade é que a família real já passou por alguns escândalos e polémicas e esta não foi, de todo, a situação mais problemática.

O que a imprensa internacional está a escrever sobre Meghan Markle

Filha de  Claude Bowes-Lyon, 14.º Conde de Strathmore e Kinghorne, e de Cecília Cavendish-Bentinck, Isabel cresceu com uma educação rígida, primeiro dada pela mãe e, depois, por uma sucessão de governantas. Aprendeu ciência doméstica, pintura, dança, piano, francês e alemão e aos oito anos entrou na escola, altura em que surpreendeu tudo e todos ao iniciar uma redação com duas palavras gregas, lê-se no jornal britânico The Guardian. No início da Primeira Guerra Mundial, tinha ela 14 anos, o Castelo de Glamis tornou-se um hospital. Levando a sério o lema da mãe — “O dever é aquilo que pagas pela tua vida”– Isabel passou horas e horas a cuidar de soldados feridos. Experiência que viria a ser fulcral na sua capacidade de se relacionar com pessoas de todas as origens e classes sociais e que fez com que depois se tornasse muito querida para o povo britânico.

Meghan não nasceu em Londres e muito menos no banco de trás de uma ambulância puxada a cavalos – como conta uma história sobre a Rainha-Mãe. Foi do outro lado do mundo, em Los Angeles, Estados Unidos. A mãe, Doria Ragland, é afro-americana e professora de ioga, e o pai, Thomas Markle, é um realizador de ascendência holandesa e irlandesa. O ofício do pai contribuiu em muito para que se habituasse, desde cedo, às luzes e câmaras de um estúdio.

Em pequena, frequentou uma escola primária privada, mas foi durante a adolescência, quando já estava na escola católica Immaculate Heart, que se deparou com a discriminação racial. Em 2015, contou que aos 11 anos ficou indignada com um anúncio de detergentes da multinacional Procter & Gamble, que considerou discriminatório.

Quando tinha apenas 11 anos, sem saber e acidentalmente, tornei-me numa defensora dos direitos das mulheres. Na minha terra natal, em Los Angeles, um momento crucial mudou a minha noção do que é possível. Estava na escola a ver um programa de televisão e apareceu um anúncio com o seguinte slogan: ‘As mulheres de toda a América estão a lutar contra panelas e frigideiras gordurosas’”, recordou.

Na altura, Markle mandou cartas escritas na primeira pessoa para a primeira-dama à época, Hillary Clinton, para a jornalista Linda Ellerbee e para o fabricante em questão. Houve resposta de todos os lados e a fabricante acabou por alterar o slogan.

À semelhança da Rainha-Mãe, também em Meghan surgia uma vontade de ajudar, de lutar pelos outros e, de certa forma, também por si. A “forte consciência para as questões sociais” e o “trabalho de caridade” que realizou ao longo da vida são alguns dos aspetos destacados na página oficial da agora duquesa de Sussex, em particular o voluntariado que fez em Los Angeles, quando era criança e adolescente.

Aos 18 anos, entrou na Northwestern University, em Evanston, no estado do Illinois. Tirou um curso de teatro e outro de relações internacionais, que a levou depois até à embaixada dos Estados Unidos na Argentina, para trabalhar – onde aprendeu a falar espanhol, tendo também estudado francês. Anos mais tarde, deu nas vistas durante uma festa e captou a atenção de um agente que lhe abriu portas para o mundo da representação.

Aos 37 anos: onde estava a Rainha-Mãe e onde está Meghan

Depois de casar com o príncipe Alberto – a muito custo –, aconteceu o inesperado: o irmão mais velho do duque de Iorque, Eduardo VIII, renunciou ao trono para também ele casar com o amor da sua vida: a socialite norte-americana Wallis Simpson. Quando, em 1936, o marido assumiu o cargo, Isabel passou a rainha consorte e foi precisamente no ano em que fez 37 anos que foi coroada. Portanto, por esta altura já “carregava às costas” o “peso de uma nação”.

Nunca quis ser da realeza e recusou casar com o duque de Iorque por duas vezes — “Tenho medo de nunca, nunca mais ter a liberdade de pensar e agir como sinto que eu realmente deveria“, disse na altura. Só à terceira foi de vez, mas nunca viria a perdoar Eduardo VII por ter abdicado do trono, deixando a seu cargo e do marido uma função tamanha. Apesar de nunca ter desejado ser rainha, Isabel decidiu apoiar o marido nas novas pressões que lhes foram impostas – ajudou-o nomeadamente a ultrapassar o problema da gaguez e ficou sempre ao lado dele — e dedicar-se ao povo britânico.

Da ficção para a vida real, Meghan passou, este ano, a viver um verdadeiro conto-de-fadas. Casou com o príncipe Harry em maio, tinha ainda 36 anos, e agora é uma das mulheres mais badaladas. Já foi nomeada uma das 25 mulheres mais influentes do Reino Unido e os jornais não param com as manchetes sobre a duquesa, a nova vida e até mesmo os”erros de protocolo” da feminista — cujo estilo é um dos mais cobiçados — que se juntou à família.

Desde que chegou à realeza tem dado que falar, não por ter um cargo tão crucial quanto aquele que a Rainha-Mãe tinha – está longe disso, já que o príncipe Harry é o sexto na linha de sucessão ao trono –, mas porque “além de assumir deveres reais de apoio à Rainha, tanto no Reino Unido como no exterior, a Duquesa dedica o seu tempo a apoiar várias instituições de caridade e organizações”, lê-se na página oficial. Começou a namorar com o príncipe Harry em 2016 e no ano seguinte aceitou o pedido de noivado – que saibamos, não recusou nem uma, nem duas vezes.

O duque de Iorque e a Rainha-Mãe representavam os ideais de família e do serviço público. Desde que foi coroada, Isabel começou a participar numa grande variedade de eventos – só no ano em que completou 90 anos fez mais de 100 aparições, no entanto, devido a problemas de saúde, deixou de aparecer em público nos últimos meses de vida. Aos 37 anos Meghan Markle enfrenta agora um problema de aparições públicas causado pelo próprio pai. Soube-se recentemente que os duques de Sussex não vão voltar aparecer em eventos oficiais até setembro.

Harry e Meghan Markle, cuja última aparição em público aconteceu na semana passada durante um jogo de polo, vão passar algum tempo em Balmoral, na companhia da rainha Isabel II. Ainda assim, o mais provável é que o casal passe a maior parte do tempo no campo, na remota Cotswolds, no centro de Inglaterra. A ideia é “dar um tempo” na muito agitada relação que ambos têm com os media — muito por culpa da família de Meghan Markle, que continua a protagonizar manchetes pouco simpáticas.

Vamos ter menos acesso à vida de Harry e de Meghan Markle?

O pai da duquesa de Sussex tem sido o grande protagonista dos principais escândalos associados ao nome Meghan Markle. O maior deles aconteceu quando foi apanhado a encenar fotos de “paparazzi”, motivo pelo qual faltou ao casamento da filha. Mas Thomas não faz intenções de estar calado e, recentemente, disse em entrevista que achava que Meghan estava “aterrorizada” com a vida no seio da família real. “Vejo o sorriso dela há anos. Eu conheço o sorriso dela. Não gosto daquele que estou a ver agora”, admitiu o pai, acrescentando que o sorriso de Meghan é “um sorriso de dor”.

À semelhança da mãe da rainha Isabel II — que foi um dos membros mais populares da realeza –, Meghan já conquistou o coração dos britânicos e não só. Com 37 anos, já fez carreira de atriz, dedica-se a causas relacionadas com discriminação e igualdade de género, é uma mulher influente, tem cumplicidade com a rainha Isabel II, é feminista, casada com o príncipe Harry, duquesa de Sussex e, acima de tudo, é Meghan Markle. Se a Rainha-Mãe deixou um grande legado, principalmente com o papel que desempenhou, contribuindo para a forma como hoje a família real é adorada, a duquesa de Sussex está a construir uma proximidade com o povo, tanto pelas suas origens como pelas suas características e simplicidade.

O ano passado, os duques de Sussex passaram este dia juntos num safari em África. Este sábado, a festa faz-se no casamento do amigo de infância do neto da rainha Isabel II, Charlie van Straubenzee, onde Harry será o padrinho. Além disso, nada mais se sabe.