Ao fim de sete dias de combate, as boas notícias chegam ao início do oitavo. A Proteção Civil já confirmou que, depois de uma noite em que a situação se mostrou estabilizada, as forças no terreno conseguiram dominar o fogo que se encontra já em fase de resolução.
O primeiro-ministro António Costa desloca-se esta tarde a Monchique, às 15h00, acompanhado por ministros e secretários de Estado, para se reunir na câmara local com os autarcas das zonas afetadas pelo incêndio. Aos jornalistas, o primeiro-ministro disse que “é absolutamente extraordinário” que nenhuma vítima mortal tenha sido registada e reconheceu que pode ser existido alguma situação de maior agressividade por parte da GNR nas ações de evacuação.
No habitual briefing da Proteção Civil, que aconteceu por volta das 9h10 desta sexta-feira, Patrícia Gaspar confirmou que o incêndio de Monchique se encontra “dominado” não existindo “risco significativo de o incêndio sair da área que já afetou”. A segunda comandante nacional da Proteção Civil alertou ainda assim para a possibilidade de “pequenas reativações” durante o dia de hoje, já que as previsões meteorológicas apontam para o aumento da temperatura e a redução da humidade relativa do ar. “Não é o momento de cruzar os braços, temos um vasto perímetro, uma vasta área afetada e temos que manter toda a energia para que nas próximas horas e nos próximos dias consigamos manter a consolidação de todo este perímetro, respondendo às reativações que ainda vão, seguramente, surgir”, acrescentou Patrícia Gaspar.
A segunda comandante nacional da Proteção Civil confirmou a existência de 41 feridos, sendo um deles grave. 22 dos feridos ligeiros são bombeiros. Patrícia Gaspar disse ainda que “grande parte” das pessoas deslocadas vão poder “regressar às suas habitações”.
Portugal é o país europeu com mais área ardida este ano, uma situação que é bastante influenciada pelo fogo que começou em Monchique há uma semana, e que entretanto se estendeu até Portimão e Silves. De acordo com o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais, o incêndio que está a atingir esta zona do Algarve é já o maior da Europa em 2018.
Portugal é o país com mais área ardida na Europa e fogo de Monchique é o maior
Costa evita responder sobre falhas no combate ao incêndio. Cabrita diz que “grande vitória é vítimas zero”. Marcelo também vai a Monchique
Já em Monchique, o primeiro-ministro evitou responder às perguntas sobre eventuais falhas no combate ao incêndio e sublinhou o facto de não se ter registado qualquer vítima mortal, tal como já tinha feito Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna.
“A prioridade das prioridades é a salvaguarda de um bem irreparável e inestimável que é a vida humana. Termos garantido que ninguém tenha morrido é absolutamente extraordinário”, afirmou António Costa. Questionado sobre se falar em “vitória” ou “sucesso” era excessivo, tendo em conta a gravidade dos danos provocados pelo fogo, o primeiro-ministro atirou: “Não quero usar adjetivos. Os balanços se farão e tudo será apurado no seu devido tempo”.
Quanto às notícias que têm dado conta da excessiva agressividade dos agentes da GNR que lideraram as evacuações, Costa reconheceu que pode ter existido “aqui ou ali algum exagero”. “A GNR desempenhou uma missão que lhe estava confiada, que é uma missão delicada e difícil. Todos nós, se tivermos fogo na nossa casa, o maior apego que temos é proteger. Mas uma coisa é segura: uma casa é sempre reparável, uma vida humana é irreparável. A primeira missão que nós temos é salvar as vidas humanas. Pode ter havido aqui ou ali algum exagero. Se houver, haverá meios para tal. Mas, globalmente, o essencial é que, perante a gravidade do incêndio, não ter havido qualquer perda de vida humana é um bem absolutamente essencial”, defendeu o primeiro-ministro.
Em relação aos eventuais apoios que serão disponibilizados pelo Governo às pessoas afetadas, António Costa garantiu que “há vários mecanismos de apoio, agrícola ou de habitação, mas antes de saber os apoios é necessário fazer o balanço”. Sobre se o incêndio de Monchique, que lavrou durante sete dias, vai ser investigado pelas autoridades competentes, o primeiro-ministro recordou que o Ministério da Administração Interna “abre sempre um inquérito relativamente a ocorrências destas” e o Ministério Público e a Polícia Judiciária irão apurar “eventuais responsabilidades”.
A delegação chefiada pelo primeiro-ministro será composta pelos ministros da Administração Interna, Eduardo Cabrita, Adjunto, Pedro Siza Vieira, e pelos secretários de Estado do Desenvolvimento e Coesão, Nelson Souza, do Turismo, Ana Mendes Godinho, da Habitação, Ana Pinho, da Agricultura e Alimentação, Luís Medeiros Vieira, e das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas, informou fonte do gabinete de António Costa.
Na reunião estarão os presidentes das câmaras de Monchique, Portimão e Silves bem como representantes da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve e da Associação de Municípios do Algarve.
O objetivo, adiantou a fonte do gabinete do primeiro-ministro, é fazer um ponto de situação da necessidade imediata de apoios e estudar as respostas a dar às populações.
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que viajou durante a manhã desta sexta-feira até à região algarvia, vai visitar algumas das áreas afetadas pelo incêndio. Em declarações à comunicação social, Eduardo Cabrita afirmou que “a grande vitória é vítimas zero”. O ministro da Administração Interna esclareceu que a partir desta tarde “as várias áreas de Governo passarão a trabalhar em torno do apuramento daquilo que são as consequências nos três municípios, Monchique, Portimão e Silves, destes dias de incêndio”.
Em relação à atuação da população das áreas afetadas, Eduardo Cabrita comparou as condições meteorológicas portuguesas às dos países que também têm sido fustigados pelos fogos e pediu “compreensão”. “A população foi notável na forma como compreendeu que tanto aqui como em Espanha, onde foram retiradas três mil pessoas da região de Valência, na Califórnia, na Suécia e na Grécia, em Portugal ou em Espanha, há circunstâncias para as quais temos de estar cada vez melhor preparados. Fez-se imenso na prevenção, mais do que nunca. Temos de continuar e fazer mais. Estou muito satisfeito de estar aqui a celebrar o facto de as pessoas estarem vivas”, afirmou Eduardo Cabrita.
Além de dizer que “a partir de agora será o tempo da avaliação”, o ministro da Administração Interna comentou as notícias que davam conta de que as autoridades ameaçaram algemar as pessoas que se recusavam a abandonar as próprias casas. “Ninguém foi detido. Quem incentiva a que as populações se coloquem em risco está a cometer um apelo ao crime. Quem, na comunicação social, dá uma ideia de que é melhor ficar a defender o indefensável, está a realizar um mau serviço público”, atirou Eduardo Cabrita.
Marcelo Rebelo de Sousa, ainda sem data marcada, também se deslocará até Monchique.
Quase 700 pessoas em Monchique receberam apoio social
As equipas da Segurança Social prestaram apoio a quase 700 pessoas afetadas pelo incêndio na zona de Monchique. Em comunicado, o Instituto de Segurança Social explica que este apoio visa garantir a resposta de emergência ao nível da alimentação, agasalhos, alojamento temporário, entre outras necessidades, às pessoas e famílias afetadas pelo incêndio.
“Na sequência da ativação do Plano Municipal de Emergência, em virtude do incêndio que deflagrou em Monchique na sexta-feira, 3 de agosto, o Instituto da Segurança Social assegura, desde a primeira hora, a permanência de equipas de técnicos para prestarem apoio social de emergência nos concelhos sinalizados com maiores necessidades”, refere o instituto.
Ao longo destes dias, a Segurança Social, em articulação com o respetivo Serviço Municipal de Proteção Civil, assegurou a instalação e gestão de um total de nove zonas de concentração e apoio às populações nas localidades de Monchique (3), Portimão (1), Vila do Bispo (2), Silves (2) e Odemira (1), onde disponibilizou apoio social direto, de emergência, às populações.
No apoio às populações têm estado envolvidos 65 técnicos, com uma média de permanência de 18 técnicos no terreno, em articulação com as autarquias e demais parceiros.
Até ao final da manhã de hoje, adianta o Instituto da Segurança Social (ISS), estão disponíveis quatro zonas de concentração e apoio às populações nas localidades de Monchique e Vila do Bispo, onde permanecem acolhidas 37 pessoas.
Segundo o ISS, além das pessoas acolhidas, há mais 12 pessoas com mobilidade reduzida em estruturas residenciais para pessoas idosas (lares de idosos), pelo que as equipas da Segurança Social estão a avaliar a situação dos agregados familiares para regresso às suas habitações em segurança ou para outra resposta.
Quando o incêndio for declarado extinto, acrescenta o ISS, a Segurança Social irá proceder ao levantamento de necessidades e perdas junto das populações, assegurando o apoio social de proximidade às vítimas dos incêndios, com maior incidência nos concelhos mais afetados.
Este acompanhamento contempla atendimento permanente, avaliação diagnóstica das necessidades, dos danos e das perdas, acompanhamento regular para as situações sinalizadas, avaliação e atribuição de subsídios e prestações sociais e familiares, com apoio no preenchimento de requerimentos e encaminhamento e articulação interinstitucional no âmbito da rede local de intervenção.
O ISS acrescenta que o trabalho de proximidade permitirá ainda ativar os recursos necessários ao nível social, e de encaminhamento ao nível da saúde e de outros, para suportar as pessoas e as famílias no processo de recuperação pós-incêndio.
Durante o dia de ontem, quinta-feira, foram sendo várias as indicações de que o fogo estava a ceder, com o próprio presidente da Câmara de Monchique, Rui André, a classificar a situação de “mais tranquila”, mas a confirmação chegou ao início da noite, no habitual briefing da Proteção Civil. A segunda comandante nacional, Patrícia Gaspar, garantiu que a situação estava “globalmente estabilizada”, apesar das várias reativações que aconteceram ao longo do dia.
“Tivermos várias reativações, inclusive em áreas que não era muito expectável, mas a situação, neste ponto, está globalmente estabilizada”, avançou Patrícia Gaspar. “O incêndio cedeu, nas últimas 24 horas, às operações de combate. Não temos frentes ativas, apenas pontos quentes. Temos tido pequenas reativações, a que temos estado a responder prontamente, com os meios que estão no teatro de operações”, esclareceu ainda.
Patrícia Gaspar garante também que começou a ser preparado o regresso a casa das cerca de 300 pessoas que tiveram de abandonar as suas habitações. “O que queremos garantir é que este momento se faça de forma ordeira e sem precipitações. Temos de garantir condições de segurança para que as pessoas possam fazer este regresso. Em Silves a zona de apoio à população já está desativada, as pessoas regressaram as suas habitações. Em Portimão, estamos a desmontar a zona de apoio e as pessoas estão a regressar”.
Área ardida já chegou aos 27 mil hectares
Entretanto, a última atualização do Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais (EFFIS) dá conta de que a área ardida já subiu para perto de 27 mil hectares. De acordo com os dados mais recentes, no incêndio que começou em Perna da Negra (Monchique) tinham ardido 26.957 hectares, mais de metade dos 41 mil que a área destruída na mesma região em 2003, nos concelhos de Monchique, Portimão, Aljezur e Lagos.
O fogo de Monchique já destruiu cinco vezes mais do que toda a área ardida este ano em todo o país, até 15 de julho (5.327 hectares). O maior incêndio, em termos de área ardida, que este ano se tinha verificado até à semana passada em território nacional era o da Guarda onde, em fevereiro, arderam 86 hectares.
Primeiro balanço aponta para prejuízos a rondar 10 milhões de euros
O incêndio provocou prejuízos em habitações e infraestruturas municipais de cerca de 10 milhões de euros, disse esta sexta-feira à Lusa o presidente da Câmara Municipal de Monchique, Rui André.
“Neste momento ainda é prematuro avançar com um levantamento rigoroso. Temos algumas casas afetadas, a maioria delas não na totalidade, mas com prejuízos para as pessoas, e temos também a nível de infraestruturas municipais um valor considerável […]. Estimo que nestas duas questões o valor ronde os 10 milhões de euros”, afirmou o autarca.
Dez localidades evacuadas e 100 pessoas pernoitaram fora de casa
O filme do dia desta quinta-feira começou com a notícia de que, durante a noite, tinham sido evacuadas dez localidades do concelho de Silves e mais de 100 pessoas tinham pernoitado num pavilhão da Escola EB 2,3 Garcia Domingues. No briefing da Proteção Civil, a segunda comandante nacional Patrícia Gaspar afirmou que “a noite foi tranquila” e permitiu a “consolidação dos trabalhos em toda a área entre São Marcos da Serra e S. Bartolomeu de Messines e Silves”, ou seja, a área que no dia anterior à tarde tinha sido afetada por um reacendimento que provocou um novo foco de incêndio.
As perspetivas para o dia eram mais animadoras. Patrícia Gaspar explicava que a temperatura ia baixar para um leque de 24 a 26 graus e que haveria a redução da humidade relativa embora se mantivesse o vento a soprar de norte, “o principal adversário”. Estavam no terreno mais de 1.400 bombeiros apoiados por 460 viaturas, encarregues de controlar as operações num perímetro de cerca de 100 quilómetros.
Patrícia Gaspar, de “espia” da Marinha a voz da Proteção Civil
Todas as pessoas deslocadas durante a noite voltaram a casa
A totalidade das pessoas que pernoitaram na Escola 2,3 Garcia Domingues, em São Bartolomeu de Messines, Silves, regressaram durante a manhã desta quinta-feira a casa, segundo disse à Lusa a presidente da Câmara de Silves, Rosa Palma.
Rosa Palma sublinhou que se deslocou a vários locais da zona afetada “para constatar se as casas estavam protegidas” e que o município “não tem conhecimento que nenhuma casa tivesse ardido”.
Já no balanço feito esta tarde pela Comunidade Intermunicipal do Algarve, o presidente Jorge Botelho afirmava que o importante era “não ter mortos”. “Percebemos que as pessoas estão contrariadas e não querem deixar as casas mas quando voltam a casa e vêem a situação resolvida reconhecem a situação”, disse Jorge Botelho.
Rosa Palma, a presidente da Câmara Municipal de Silves, explicou ao jornal Público que desde as 20h da noite de quarta-feira até esta manhã “houve uma grande alteração” da situação.
“As coisas estiveram muito descontroladas e com projeções muito fortes e rápidas, devido ao vento a à morfologia do próprio terreno, mas agora, atendendo ao que se viveu há horas, as coisas estão bem mais tranquilas”, afirmou Rosa Palma. A autarca esclareceu ainda que as mais de 100 pessoas que foram retiradas das suas casas durante a noite são moradores locais ou turistas que estavam a pernoitar em alojamentos locais. A presidente da Câmara de Silves esclareceu ainda não existir qualquer “confirmação oficial” de que tenham ardido habitações no concelho.
Em declarações à TSF, Rosa Palma pediu uma investigação profunda ao que incêndio de Monchique. “Tem de se estudar bem e fazer um diagnóstico sério, com conhecimento do que se passou, do que não se devia passar, para que não voltem a acontecer situações destas”, defendeu a presidente da Câmara de Silves.
Autarca de Silves criticou Proteção Civil
A presidente da Câmara Municipal de Silves criticou a atuação das autoridades da Proteção Civil, defendendo ter havido falta de comunicação e coordenação no combate ao incêndio que está a atingir vários concelhos do barlavento algarvio.
Na sequência dos fogos que afetaram o concelho de Silves, Rosa Palma disse à Lusa que “houve falhas de comunicação entre o posto central e as forças locais, que poderiam ter melhorado a situação”, afirmou Rosa Palma.
“Estão meios no terreno, mas desconheço a situação e é isto que não pode acontecer. Como presidente da Câmara, tenho de estar presente e tenho de ter conhecimento das ações no terreno e isso não está a acontecer”, lamentou a autarca.
“A comunicação é essencial, este concelho, por si só, tem cerca de 700 quilómetros quadrados, há pessoas que conhecem bem o território e essas pessoas têm de ser ouvidas e eu não reconheço que isso tenha acontecido”, fundamentou.
“É certo que as condições atmosféricas foram adversas, a nível distrital não tenho lembrança de zonas com aglomerados populacionais tão fortes que tenham sofrido incêndios destes, foi assustador”, admitiu.
“Mas temos uma equipa da proteção civil que tem monitorizados meios para situações deste género, temos um levantamento feito casa a casa, para saber quantas pessoas moram em cada habitação, se têm dificuldade a andar, [quantas] pessoas [estão] acamadas ou [são] crianças, para que se possa, de certa maneira, definir prioridades”, sustentou a autarca.
“Nós fizemos o nosso trabalho de casa e quem agarra nas operações depois tem, de certa forma, que planear e programar para que se possa agir em conformidade. Quem vai monitorizar o espaço tem de conhecer a área para quando estiver a dar os passos e tomar decisões estar efetivamente a fazer o que é necessário”, frisou.
Das dez aldeias evacuadas, três delas estiveram perigosamente ameaçadas pelas chamadas: Enxerim, Pinheiro e Garrado e Pedreira. Em todas elas os moradores locais mostraram muita resistência à evacuação e subiram aos telhados com baldes, mangueiras e garrafões e molharam as casas e os carros. Em Enxerim, o combate ao fogo foi feito apenas pela população durante 45 minutos: até os bombeiros chegarem. Mas também aí os moradores decidiram ficar ao lado dos bombeiros e continuar a tentar impedir que as chamas chegassem às casas. “Só quero proteger o que é meu”, disse uma pessoa ao Observador.
O trânsito permanece cortado na EN 266 entre Portimão e Monchique, na 267 entre Nave e Marmelete e São Marcos e Monchique e ainda na 124 entre Silves e S. Bartolomeu de Messines. De acordo com declarações da GNR à agência Lusa, também estão cortadas algumas estradas municipais que rodeiam Monchique.
GNR evacua Enxerim: “Eu não quero que esta seja a sua última casa”
Britânicos aconselhados pelo Governo a evitarem o Algarve
O Ministério dos Negócios Estrangeiros do Reino Unido emitiu na quarta-feira um alerta a aconselhar os britânicos a não viajarem para as zonas de Portugal afetadas pelos incêndios, como o Algarve, que continuou válido esta quinta-feira.
“Para sua própria segurança, não é aconselhável viajar para as áreas afetadas pelos incêndios. Se já estiver na área, siga as instruções da polícia e das autoridades da proteção civil portuguesas”, podia ler-se no aviso colocado no site do ministério britânico.
Na página, eram indicados os contactos dos serviços consulares do Reino Unido em Portugal e recordava-se que cerca de 2,3 milhões de britânicos visitaram o país em 2016, de acordo com dados oficiais. O site mencionava concretamente o incêndio de Monchique.
Vento só vai diminuir a partir de sábado
O vento, que tem tido “bastante influência” na propagação do fogo no Algarve, deverá começar a diminuir a partir de sábado, disse à Lusa a meteorologista Joana Sanches, do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). “O vento vai continuar a soprar com alguma intensidade durante o dia de hoje, principalmente durante a tarde, quer no litoral oeste, quer nas terras altas, prevendo-se que comece a diminuir a partir de sábado”, disse então Joana Sanches.
Os próximos dias deverão, no entanto, contar com temperaturas mais elevadas, mas a humidade relativa, que “também é um fator a ter em conta no risco de incêndio”, vai baixar na sexta-feira e no sábado, principalmente na região sul. “Em termos de nebulosidade, não só para o Algarve, como para todo o território, vamos ter dias de céu pouco nublado ou limpo, e uma subida da temperatura, principalmente da máxima, na sexta e no sábado” e “noites tropicais”, principalmente na região sul, disse Joana Sanches.
“São esperadas noites com temperaturas próximas dos 20 graus nas regiões norte e centro” e no Algarve e no Alentejo, principalmente na noite de sexta-feira para sábado, os valores da temperatura mínima estarão acima dos 20 graus. Também as máximas na região sul, principalmente no Alentejo, vão estar acima dos 35 graus, disse a meteorologista Joana Sanches.
Fumo dos incêndios em Portugal tem causado “atrasos” em voos
Em resposta a agência Lusa, o Eurocontrol referiu ao início da tarde que, de acordo com os registos no ATFCM (Air Traffic Flow and Capacity Management – Gestão de Capacidade e Fluxo de Tráfego Aéreo) registaram-se “atrasos resultantes do fumo causado pelos fogos em Portugal”.
O organismo remeteu a questão para a NAV, que gere o tráfego aéreo em Portugal.
Número de casas destruídas pode chegar às 50
As primeiras notícias de alguma acalmia chegaram a meio da tarde desta quinta-feira. Rui André, presidente da Câmara Municipal de Monchique, disse à Lusa que o incêndio estava “mais tranquilo”, sem chamas em atividade, mantendo-se duas zonas que dão ainda “alguma preocupação”.
“Obviamente que está mais tranquilo. Já não temos as chamas em atividade e isso dá-nos, de alguma maneira, alguma tranquilidade”, afirmou, cerca das 16h40 horas.
O autarca ressalvou que não é altura “de baixar os braços”, tendo em conta os “cenários” vividos nos últimos dias, com diversos reacendimentos, mas também porque a tarde é um período do dia em que se “levanta sempre vento”.
Rui André esclareceu ainda que o número de casas destruídas total ou parcialmente durante o incêndio pode chegar a “cerca de 50”.
“Neste momento, e sem ter um levantamento exaustivo, teremos cerca de 50 habitações destruídas, totalmente ou parcialmente. Estamos neste momento a avaliar para percebermos as reais condições dessas casas, para podermos começar a fazer contas e vermos os prejuízos deste incêndio”, disse o autarca.
De acordo com o presidente da Câmara Municipal de Monchique, no distrito de Faro, ainda não foi possível determinar se se trata de casas de primeira ou de segunda habitação, estando uma equipa multidisciplinar a passar pelas zonas afetadas pelo fogo.
“Penso que de primeira habitação, totalmente destruídas, serão menos de metade desse número [50]”, afirmou Rui André, sublinhando que existem também “anexos ou casas de apoio” afetados.
António Costa anuncia programa de reordenamento económico na Serra de Monchique
No final da reunião na câmara local com os autarcas, António Costa voltou a sublinhar que “não houve perda de vidas” e anunciou serão distribuídos apoios em várias secções afetadas. E aproveitou para reforçar que “é absolutamente falso” que alguma vez tenha desvalorizado o incêndio de Monchique quando afirmou que esta era “a exceção que confirmou a regra do sucesso da operação [de combate aos incêndios] ao longo de todos os outros dias”. “É absolutamente falso que alguma vez tenha dito isso. O que eu disse é que num balanço que fizemos de cerca de 600 ocorrências no conjunto do país, dos quais só ocorreram 26 incêndios, este de Monchique foi uma situação absolutamente excecional. Isto não é diminuir a gravidade. É, pelo contrário, acentuar a gravidade”, afirmou Costa.
Declarações de Costa sobre Monchique foram deturpadas e descontextualizadas?
O primeiro-ministro deixou para o fim “o mais importante”: vai ser elaborado um programa de reordenamento económico da Serra de Monchique, “de forma a assegurar que a serra não tenha a sua atividade económica tão dependente das espécies de crescimento rápido e possa contribuir para enriquecer a oferta turística do Algarve”, afirmou, aproveitando para destacar “a produção endógena da serra, seja no domínio apícola, na produção decorrente do medronho, seja na excelência do porco preto nesta região, que oferece uma gastronomia única e de grande qualidade”.
Do balanço anunciado pelo Primeiro-ministro, 17 casas totalmente destruídas e 11 famílias sem condições para regressar às suas casas no concelho de Monchique. Para os que continuam desalojados, “está identificado, com a Segurança Social e a Secretaria de Estado da Habitação, um conjunto de medidas de apoios às habitações”, que vão consistir na reconstrução, reabilitação ou arrendamento de nova habitação. Haverá também quatro linhas de apoio da Segurança Social para os apoios financeiros e duas unidades móveis para apoio múltiplo nas zonas afetadas.
Quanto aos animais, “a prioridade neste momento é assegurar a sua alimentação”. Para isso está em funcionamento na Herdade do Patacão, em Faro, um centro de entrega de ração de emergência, palha e feno para distribuição aos animais. António Costa anunciou também que vai ser disponibilizado açúcar aos agricultores em Patacão, algo “que é essencial para o apoio aos agricultores”. Já em relação ao turismo, a Secretaria de Estado do Turismo vai disponibilizar uma linha de financiamento para a manutenção da atividade e dos postos de trabalho das unidades hoteleiras que foram afetadas pelo incêndio. Há também medidas que vão procurar a “estabilização de emergência dos solos”.
O primeiro-ministro, face a várias perguntas dos jornalistas, afirmou também que ainda não há nenhuma previsão global do orçamento ou dos danos sofridos.
Meios começaram a ser evacuados, mas “de forma ligeira”
Os meios que estão a combater o incêndio de Monchique vão começar a ser desmobilizados esta noite, mas de “forma muito ligeira e gradual”, informou a 2.ª comandante operacional nacional da Proteção Civil.
Questionada pela agência Lusa, Patrícia Gaspar informou que vão começar a ser retraídas algumas forças de combate, “mas de forma muito ligeira e de forma muito gradual”. Durante a noite, alguns reforços, “sobretudo os que vieram do norte do país”, devem começar a regressar aos seus postos “para que possam guarnecer as suas fileiras, uma vez que, neste momento, a situação aqui está operacionalmente mais tranquila”, referiu a segunda comandante operacional nacional, que falava durante o ponto de situação operacional sobre o incêndio que afeta o barlavento algarvio.