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350 jornais juntam-se para denunciar ataques de Trump à imprensa: "Não estamos a tentar deitar abaixo a nossa nação"

Este artigo tem mais de 5 anos

A iniciativa de escrever editoriais contra os ataques de Trump aos media foi do The Boston Globe e juntou mais de 350 jornais. "Os ataques verbais encorajam ideologias extremistas", lê-se num deles.

Os ataques de Donald Trump à liberdade de imprensa têm sido constantes, especialmente no Twitter
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Os ataques de Donald Trump à liberdade de imprensa têm sido constantes, especialmente no Twitter

Mark Wilson/Getty Images

Os ataques de Donald Trump à liberdade de imprensa têm sido constantes, especialmente no Twitter

Mark Wilson/Getty Images

“Um pilar central da política do presidente Trump é um ataque constante à liberdade de imprensa. Os jornalistas não são considerados concidadãos americanos, mas sim como ‘o inimigo do povo’. Este ataque implacável à imprensa livre tem consequências perigosas”. Assim começa o editorial do histórico diário The Boston Globe desta quinta-feira — intitulado “Os jornalistas não são o inimigo” –, responsável pela iniciativa de dar uma resposta conjunta aos ataques de Trump aos jornalistas.

Numa carta enviada a centenas de publicações norte-americanas, o The Boston Globe propôs que publicassem esta quinta-feira um editorial “sobre os perigos do ataque do Governo à imprensa” e pedissem a outras que se comprometessem a publicar os seus próprios editoriais na mesma data”, em defesa da liberdade de expressão, protegida nos Estados Unidos pela primeira emenda da Constituição.

O resultado está à vista: mais de 350 jornais, incluindo grandes títulos como o The New York Times, The Houston Chronicle, Minneapolis Star Tribune, Miami Herald e Denver Post, publicaram esta quinta-feira editoriais contra a política de Trump no que diz respeito à liberdade de imprensa.

[Percorra o mapa dos EUA com o cursor e encontre citações dos editoriais nos jornais de cada estado]

“Insistir que as verdades que não gosta são ‘notícias falsas’ é perigoso para a força vital da democracia. E chamar aos jornalistas ‘inimigos do povo’ é perigoso. Ponto final”, lê-se no The New York Times. No editorial, o jornal reflete que este ano “alguns dos ataques mais prejudiciais chegam de fontes governamentais”. Não deixando de considerar que “criticar as notícias” é correto, explicando que os jornalistas são “humanos” e “cometem erros”, o jornal alerta, no entanto:

Insistir que as verdades que não gosta são ‘notícias falsas’ é perigoso para a força vital da democracia”

O jornal chama ainda a atenção para os perigos que estes ataques de Trump podem representar para os jornalistas, em particular, em locais com menos segurança e jornalistas de publicações mais pequenas. Nesse sentido, o The New York Times pede aos seus leitores que subscrevem jornais locais.

Faça elogios quando achar que eles fizeram um bom trabalho e faça críticas quando achar que eles podiam ter feito melhor. Estamos nisto todos juntos”, termina o The New York Times.

Até ao momento, o jornal The Washington Post não colocou no site qualquer referência que dê a entender que aderiu a esta iniciativa que ultrapassou fronteiras. O jornal britânico The Guardian também publicou um editorial contra os ataques do presidente norte-americano à imprensa: “Donald Trump não é o primeiro presidente dos Estados Unidos a atacar a imprensa ou a sentir-se injustamente tratado por ela. Mas é o primeiro que parece ter uma calculada e consistente política de minar, deslegitimar e até pôr em perigo o trabalho da imprensa.”

Trump: “[Os media] também podem causar uma guerra! São muito perigosos e doentes!”

A editora-adjunta da página editorial do Boston Globe, Marjorie Pritchard, tinha dito na passada quinta-feira ao canal televisivo CNN que “a resposta foi avassaladora” e que, embora inclua alguns grandes jornais, a maioria é de mercados mais pequenos.

A iniciativa de dar uma resposta conjunta aos ataques de Trump aos jornalistas foi do jornal The Boston Globe

Esta resposta conjunta chega uma semana depois de Trump ter insistido mais uma vez em diabolizar a imprensa norte-americana. “As [empresas de] notícias falsas odeiam que eu diga que são o Inimigo do Povo só porque sabem que é VERDADE. Eu estou a prestar um grande serviço ao explicar isto ao povo americano.“[Os media] causam grande divisão e desconfiança de propósito. Também podem causar uma guerra! São muito perigosos e doentes!”, escreveu Trump na sua conta da rede social Twitter, no passado dia 5 de agosto.

Mas as referências ofensivas de Trump à imprensa têm sido de tal forma constantes que despertaram preocupação em várias organizações internacionais, como a ONU e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que expressaram numa declaração conjunta o seu desconcerto e alertaram para o perigo que tais críticas representam.

Numa altura em que vários jornalistas receberam já ameaças de morte, também alguns especialistas afirmaram recear que eles “possam sofrer atos de violência” devido aos comentários negativos que Trump emite sobre a forma como trabalham. Por sua vez, o Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Ra’ad al-Hussein, sustentou que as agressões verbais do Presidente norte-americano “se estão a aproximar muito da incitação à violência”.

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