Centenas de pessoas participaram este domingo numa inédita e violenta manifestação xenófoba na capital da Costa Rica, um país onde pelo menos 8% da população é imigrante e que historicamente é aberto a pessoas que fogem dos seus países.
A manifestação foi convocada através das redes sociais e pretendia-se “pacífica” e “nacionalista”, tendo como objetivo colocar uma bandeira da Costa Rica no parque La Merced, um ponto de encontro de nicaraguenses no centro de San José. Contra o que era previsto, centenas de pessoas juntaram-se na manifestação, que terminou em tumultos, insultos e agressões contra nicaraguenses, tendo sido detidas 44 pessoas e apreendidos “cocktails molotov” e armas brancas. Entre os detidos estão simpatizantes da ideologia nazi, anarquistas e membros de claques de futebol.
Devido a fluxos migratórios que estão a acontecer por causa da crise na Nicarágua desde abril, e após o assassinato de um turista espanhol no passado dia 4, aparentemente por um nicaraguense, os comentários xenófobos nas redes sociais aumentaram na Costa Rica. Noutros países da América do Sul registam-se também tensões devido aos fluxos migratórios com origem na crise da Venezuela.
Na fronteira do Equador muitos cidadãos venezuelanos ficaram retidos desde sábado, impedidos de entrar por não terem passaporte. Desde sábado que o governo do Equador exige passaporte, uma decisão anunciada na quinta-feira. Hoje foi anunciado que o passaporte não era exigido para crianças.
No Brasil, depois de ataques, sábado, contra venezuelanos na cidade fronteiriça de Pacaraima, hoje pelo menos 1.200 pessoas deixaram o país e voltaram à Venezuela.
Muitos venezuelanos, barrados na fronteira do Equador mas também da Colômbia, têm pedido uma “via humanitária” para o Peru, outro país da América do Sul. Mas na sexta-feira o governo do Peru anunciou que a partir de dia 25 só deixará entrar imigrantes da Venezuela com passaporte. Os venezuelanos no Peru rondam os 400 mil.