O ex-advogado e facilitador de Donald Trump, Michael Cohen, declarou-se culpado de oito crimes, entre eles dois crimes que envolvem o agora presidente dos Estados Unidos. Michael Cohen admitiu que fez durante do ano de 2016, a mando de Donald Trump, pagamentos a duas mulheres que alegadamente teriam tido casos com Trump. “Participei nesta conduta com o objetivo de influenciar a eleição”, disse em tribunal.

Na mesma hora em que se soube da condenação do ex-diretor de campanha de Donald Trump, Paul Manafort, por oito crimes de fraude fiscal e fraude bancária, a justiça norte-americana anunciou que o ex-advogado pessoal do presidente, e facilitador de longa data encarregue dos seus casos mais sensíveis, declarou-se culpado de oito crimes. Parte destes crimes são de fraude fiscal e fraude bancária relativa ao seu negócio de licenças de taxis em Nova Iorque e Chicago.

Mas dois destes crimes dizem respeito à violação das leis de financiamento das campanhas eleitorais. Neste âmbito, Michael Cohen disse perante o juiz que fez pagamentos, a mando do então candidato à presidência, para silenciar duas mulheres — uma atriz pornográfica e uma antiga playmate da Playboy — que queriam falar publicamente de casos que terão tido com Donald Trump anos antes. Cohen disse que fez estes pagamentos a mando de Donald Trump.

A acusação a Michael Cohen detalha os crimes que o ex-advogado admitiu em Tribunal.

No primeiro caso, Michael Cohen diz que pagou 130 mil dólares para silenciar Stephanie Clifford, a atriz pornográfica mais conhecida por Stormy Daniels. No segundo caso, Cohen terá pago a um tabloide para comprar os direitos da história da antiga modelo da Playboy Karen McDougal, apenas para não publicar o seu testemunho.

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O caso é o primeiro que implica diretamente o presidente dos Estados Unidos, que inicialmente disse que não tinha conhecimento de qualquer pagamento e mais tarde atacou a credibilidade do seu advogado de longa data.

[Veja neste vídeo os crimes de Cohen e Manafort que podem tramar Trump]

Questionado pelos jornalistas a bordo do avião presidencial a 5 de abril se tinha conhecimento de um pagamento de 130 mil dólares à atriz pornográfica conhecida como Stormy Daniels, Donald Trump disse que não. Logo de seguida foi questionado sobre a razão que levaria Michael Cohen a fazer o pagamento, Donald Trump disse apenas que Michael Cohen era o seu advogado, mas que essa pergunta teria de ser dirigida ao próprio. A Casa Branca também disse a 5 de março que Donald Trump não tinha conhecimento de qualquer pagamento. Michael Cohen admitiu publicamente ter feito estes pagamentos em fevereiro deste ano.

O advogado de Michael Cohen, Lanny Davis, confirmou as palavras do ex-advogado de Trump e diz que Cohen testemunhou, sob juramento, que “Donald Trump instruiu-o a cometer um crime ao fazer pagamentos a duas mulheres com o objetivo de influenciar uma eleição”.

Lanny Davis disse ainda que se os pagamentos são um crime de Michael Cohen, “então porque não seriam um crime de Donald Trump?”.

Michael Cohen declarou-se também culpado de cinco crimes de evasão fiscal, um crime de fraude bancária, admitindo não ter prestado informações corretas ao fisco norte-americano relativamente ao seu negócio de licenciamento de táxis em Nova Iorque e Chicago e de ter prestado informações falsas para obter empréstimos bancários a um custo mais baixo.

O caso foi passado às autoridades pelo procurador especial Robert Mueller, que lidera a investigação à influência da Rússia nas eleições presidenciais de novembro de 2016 e uma eventual coordenação com a campanha de Donald Trump.

O acordo não inclui a cooperação de Michael Cohen relativamente a outros casos para além dos que o próprio cometeu e se está a dar como culpado, mas isso essa colaboração pode vir a acontecer mais tarde.