Depois de ter sido destituído da presidência do grupo espanhol El Corte Inglés em junho passado, Dimas Gimeno deixa este domingo as últimas funções que ocupava na administração do grupo, pondo fim a um conflito familiar de meses, que o opôs às primas Marta e Cristina Álvarez Guil, principais acionistas. Gimeno sai pelo próprio pé, antecipando-se a uma expulsão iminente, e, segundo o El País, leva para casa uma indemnização de 8,5 milhões de euros.

De acordo com aquele jornal espanhol, o conselho de administração reuniu-se na tarde de sábado, tendo chegado a acordo no fim do dia. O acordo passa pela renúncia de Gimeno, que assim termina toda a sua relação com o grupo — já tinha entregado em junho a presidência a Nuño de la Rosa (a primeira pessoa não ligada à família fundadora a presidir ao grupo), mas continuava com as funções de conselheiro, não-executivas, que assumia desde 2010.

Gimeno presidia ao El Corte Inglés desde 2014, quando assumiu os comandos depois da morte do seu tio Isidoro Álvarez. Foi destituído do cargo em junho deste ano, pelo conselho de administração, que aprovou a destituição com oito votos a favor, uma abstenção e nenhum voto contra — e com muitas críticas à estratégia digital que estava a ser seguida pelo grupo. Gimeno ainda impugnou a destituição e o caso chegou aos tribunais, pondo Dimas Gimeno de um lado e as primas, Marta e Cristina Álvarez Guil, do outro.

Presidente do El Corte Inglés vai ser expulso do cargo pelas primas

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Gimeno sai, assim, da empresa IASA, que é acionista do El Corte Inglés, rompendo com o último elo que tinha com o grupo de retalho. A empresa detém 22% do El Corte Inglés, mas são as primas Marta e Cristina que têm 69% de controlo sobre ela.

Indemnização de 8,5 milhões de euros para sair do grupo

O El Corte Inglés não quis comentar o suposto acordo alcançado pelas partes, mas o El País cita várias fontes próximas do processo para garantir que a saída voluntária foi conseguida a troco de 8,5 milhões de euros, uma quantia que traduz os vários anos em que o empresário foi diretor, primeiro, e presidente, depois do grupo.

Fontes próximas de Dimas Gimeno acrescentam, ainda, que a decisão de avançar para a saída teve em conta a dimensão pública que o conflito estava a tomar e os receios de vir a prejudicar a imagem do El Corte Inglés.

A substituir Gimeno na presidência do grupo desde junho está Nuño De La Rosa, que ocupava a posição de diretor geral das Viagens El Corte Inglés e que já era conselheiro do grupo. De La Rosa é o primeiro membro não afeto à família fundadora a ocupar o lugar de presidente, tendo presidido à sua primeira assembleia de acionistas este domingo. Uma das suas primeiras ações foi reintegrar na administração uma representante da holding familiar Ceslar, Carlota Areces, expulsa em 2016 por desacordo com a compra de 10% dos armazéns pelo primeiro-ministro do Qatar.

Apesar dos conflitos familiares, as contas da empresa deste ano revelam resultados relativamente sólidos. O relatório do último ano do El Corte Inglés deu conta de um aumento de quase 25% nos lucros da empresa, que ascenderam a 202 milhões de euros. A faturação, segundo o El País, cresceu 2,8%, para 15.935 milhões, e, no final do ano, a empresa contava com 92.078 funcionários.