Há quem diga que tem o tamanho da Grande Pirâmide do Egito, a dimensão do London Eye ou o comprimento de dois Boeing 747, mas uma coisa é certa: com entre 70 metros e 160 metros de diâmetro, o asteroide que vai passar pelas vizinhanças do planeta Terra na próxima quarta-feira é grande mas não é grande coisa. O 2016 NF23, nome dado ao asteroide, vai passar a cerca de cinco milhões de quilómetros de nós, uma distância treze vezes maior do que aquela que separa o nosso planeta da Lua. Em termos astronómicos, cinco milhões de quilómetros é muito pouco mas ainda assim podemos estar descansados: o asteroide não ameaça sequer roçar o planeta. E ainda por cima há um muito maior a caminho.

A aproximação do 2016 NF23 é conhecida pela NASA, a agência espacial norte-americana, há muito tempo: este asteroide está listado numa base que se chama “Dados de Passagens Próximas”, onde a agência mantém um olho nos Objetos Próximos à Terra — os corpos celestes cuja órbita à volta do Sol intersecta a nossa, o que pode implicar um perigo de colisão. Os últimos dados dizem que o 2016 NF23 está a 0,036 unidades astronómicas de nós, ou seja, a 5,4 milhões de quilómetros da Terra. Daqui a dois dias, a 29 de agosto, o asteroide vai estar ainda mais perto, a 5,1 milhões de quilómetros, e vai passar a uma velocidade de 9 quilómetros por segundo.

Nada disto deve intimidar os terráqueos: coisas destas acontecem muito regularmente. Nesse mesmo dia um outro asteroide com entre 38 e 68 metros de diâmetro, o 1998 SD9, vai passar a 1,6 milhões de quilómetros de nós e a uma velocidade de 10,7 quilómetros por segundo sem que isso constitua uma ameaça à nossa vida cá em baixo. Além disso, há outro asteroide muito maior a caminho: a 3 de setembro, o asteroide 2015 FP118, com entre 370 e 820 metros de diâmetro, vai passar ainda mais perto que o 2016 NF23 — a 4,7 milhões de quilómetros — e a uma velocidade de aproximadamente 9,7 quilómetros por segundo.

Mas nem sequer isto está a fazer soar os alarmes das agências espaciais. É verdade que a NASA mantém um olho mais atento aos chamados objetos potencialmente perigosos, que são aqueles que passam a menos de 7,5 milhões de quilómetros de nós e que têm mais de 140 metros. Tanto 2016 NF23 como 2015 FP118 satisfazem este parâmetros, mas mesmo assim nenhum cientista está demasiado assustado porque não há indícios de que um objeto potencialmente perigoso esteja em rota de colisão com o planeta Terra. Aliás, o asteroide 2016 NF23 é uma visita habitual tanto da Terra, como de Mercúrio e de Vénus à medida que avança na órbita em redor do Sol, que dura 240 dias.

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Então, há alguma previsão de um objeto que possa mesmo obrigar-nos a torcer o nariz para os céus? Sim e não falta muito para que ele nos venha farejar: a 13 de abril de 2029 — adivinhou, caro leitor supersticioso, é mesmo uma sexta-feira 13 — o asteroide 99942 Apophis, que tem 320 metros de diâmetro, vai fazer um voo rasante à Terra e passar a 38 mil quilómetros de nós.

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Faltam 11 anos para que tal aconteça, mas a NASA prevê que a probabilidade de 99942 Apophis colidir com a Terra é de apenas 2,4%. Isso não sossegou o astronauta Rusty Schweickart, que participou na missão Apollo 9 mas que desde a reforma lidera a Fundação B612, especializada em analisar os asteroides que passam rente ou ameaçam a vida na Terra: Schweickart queria que a NASA estudasse a hipótese de um fenómeno chamado ressonância orbital, quando dois corpos exercem influência gravitacional um no outro, apenas adiar e aumentar a probabilidade de colisão no futuro, possivelmente em 2036 ou 2068.

O que valeu aos cientistas para acalmar os ânimos acesos desde dezembro de 2004, quando a descoberta deste asteroide foi tornada pública, foi que 99942 Apophis passou perto da Terra em 2013, dando uma oportunidade para olhar para ele com mais atenção. A NASA considerou que a probabilidade de colisão em 2036 é “nula” e que a probabilidade de colisão em 2068 é de “um em 150 mil”. Isto torna as hipóteses de colisão cada vez mais diluídas à medida que o tempo passa. Por isso, apesar deste voo rasante e tanto quanto sabemos até agora, podemos ficar descansados.

Se quer um pouco de emoção, pode sempre retomar algo que entusiasmou os terráqueos há três anos: a 31 de outubro de 2015 o asteroide 2015 TB145, que visto da Terra parece ter o formato de uma caveira, passou pela Terra a 483 mil quilómetros e mesmo a tempo do Halloween. Este ano, o asteroide está de volta mas só nos visita em meados de novembro e passa a 40 milhões de quilómetros.