A regra confirma-se, sem excepção: o Ferrari 250 GTO continua a ser o clássico mais valorizado pelos coleccionadores, a ponto de movimentar milhões. Por vezes, até para lá da meia centena. Não foi o que aconteceu no mais recente leilão levado a cabo pela RM Sotheby’s, em Monterey (Califórnia, EUA), mas não deixa de ser impressionante que um carro construído em 1962 mereça um lance de 48,4 milhões de dólares – qualquer coisa como 41 milhões de euros. Mas alguém se despediu deles e… em poucos minutos.

Se acha a quantia estapafúrdia, saiba que, apesar disso, não atingiu as melhores expectativas da leiloeira. A RM Sotheby’s estimou que a licitação pudesse vir a alcançar os 51 milhões de euros, um valor em linha com os três 250 GTO que surgiram no mercado em 2016, mas bem mais comedido do que os 60 milhões que alguém pagou na última transacção tornada pública.

Pssst… quem terá dado 60 milhões por este Ferrari?

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Ainda assim, se considerarmos apenas as transacções ditas “oficiais”, ou seja, aquelas em que os valores finais são assumidos e comunicados institucionalmente, sem ser na base do rumor, o GTO que mudou de mãos em Monterey converteu-se no modelo mais caro de sempre, a ser adquirido em leilão. Bate um título que já era “seu”, conquistado no mesmo local, em 2014, quando um 250 GTO Berlinetta de 1962, com o chassi 3851 GT, foi arrematado por 35 milhões de euros, valor que o colocou de imediato na liderança do ranking (oficial) dos clássicos mais caros de sempre.

Sub ou sobrevalorizado, certo é que o exemplar arrematado em Monterey está longe de constituir um mau investimento. Primeiro, porque o 250 GTO é um carro raro, na medida em que foram construídas apenas 36 unidades, cujos proprietários vão do estilista Ralph Lauren a Nick Mason (baterista do Pink Floyd), passando pelo neto do fundador do Goldman Sachs, Peter Sachs, ou o filho mais velho do fundador do Walmart, Rob Walton. Este dono não de um, mas de dois 250 GTO.

O desportivo italiano também conquistou dois quadros da Microsoft, entre o antigo director Jon Shirley e o ex-chefe de software da companhia, Greg Whitten. Foi precisamente este último que colocou o seu Ferrari à venda. E é no histórico desta unidade que reside a segunda razão para que alguns especialistas considerem que o chassi nº 3413 GT vale mais do que 41 milhões de euros. Trata-se do terceiro GTO produzido pela Ferrari e venceu por duas vezes a mítica Targa Florio (1963 e 1964).