O ex-Presidente timorense e Prémio Nobel da Paz, José Ramos-Horta, vai representar Timor-Leste nas cerimónias fúnebres do ex-secretário-geral das Nações Unidas, previstas para meados de setembro no Gana, disse o próprio à Lusa.
Ramos-Horta explicou à Lusa que, a pedido do primeiro-ministro Taur Matan Ruak, vai substituir Xanana Gusmão, que tinha sido inicialmente nomeado pelo Governo para representar Timor-Leste, mas que não pode estar presente devido a uma “agenda inadiável”. Xanana Gusmão evocou na quinta-feira o nome de Kofi Annan, durante a cerimónia do 19.º aniversário da consulta popular em que os timorenses votaram pela independência, afirmando que este ficará para sempre ligado a Timor-Leste.
O parlamento timorense aprovou na semana passada um voto de pesar pela morte de Kofi Annan no qual se reconhece a sua “contribuição no processo de luta pela libertação nacional e construção deste Estado”. “Kofi Annan, no seu mandato como secretário-geral da ONU, autorizou a realização do referendo em Timor-Leste e assistiu diretamente à restauração da independência, a 20 de maio de 2002 em Díli”, referiu o parlamento. Kofi Annan, antigo secretário-geral da ONU e prémio Nobel da Paz de 2001, morreu a 17 de agosto, aos 80 anos.
O Governo também já tinha expressado “profunda consternação e tristeza” com a morte de Kofi Annan, recordando o contributo pela paz e diálogo internacionais. “A memória de Kofi Annan ficará para sempre ligada à história de Timor-Leste, já que trabalhou de forma incansável para o reconhecimento internacional do direito de autodeterminação do nosso povo e, na sequência da consulta popular que determinou a independência da nossa nação, lançou as bases em que assenta a construção do atual Estado timorense”, lembrou o executivo.
Coube a Kofi Annan, poucos minutos antes das 00h00 de 20 de maio de 2002, entregar formalmente Timor-Leste aos timorenses, numa cerimónia que marcou a restauração da independência do país. Annan tinha supervisionado a assinatura do histórico acordo de 5 de maio de 1999, entre Portugal e a Indonésia, o que permitiu o referendo em que os timorenses escolheram ser independentes.