Fragmentos de pedra cobrem o chão e as paredes surgem enegrecidas e descascadas. Um vídeo publicado esta segunda-feira no Facebook mostra o que sobra do Museu Nacional no Rio de Janeiro, a carcaça de um edifício que sucumbiu ao fogo de grandes proporções que deflagrou no último domingo. O vídeo com pouco mais de 30 segundos já foi partilhado por mais de 8 mil pessoas e visto quase 400 mil vezes.
Pouco depois de os bombeiros terem lançado o alerta para o risco de desabamento do Museu Nacional, o vice-diretor do museu, Luiz Fernando Dias Duarte, dizia aos media que o arquivo histórico do museu, de 200 anos, tinha sido totalmente destruído. Sabe-se agora que pouco terá resistido ao violento incêndio que demorou seis horas a ser extinto. Entre os artefactos que se salvaram está, por exemplo, o meteorito Bendegó, com 5.260 quilogramas, 95% dos quais de ferro, em exposição no museu desde 1892.
O maior meteorito alguma vez encontrado no país está intacto — o facto de não ser um material combustível faz com que este não reaja ao oxigénio do ar e não responda, por isso, ao processo de combustão, tal como explicou José Luiz Pedersoli Júnior, químico e especialista em gestão de risco e património cultural, à imprensa brasileira. Ainda há dúvidas quanto à situação do fóssil “Luzia”, o mais antigo fóssil humano das Américas, que, segundo a Folha de São Paulo, poderá estar enterrada sob os escombros.
O museu em causa, o maior museu de história natural e antropológica da América Latina, que continha cerca de 20 milhões de artigos, apesar de apenas 1% estar exposto ao público, não tinha qualquer seguro para atenuar os prejuízos do incêndio de domingo, escreve esta terça-feira o jornal brasileiro Estadão. O segundo andar, onde ficava a zona da exposição, foi totalmente destruído. As paredes que dão forma à fachada do edifício não correm, no entanto, risco de desabamento, mas o mesmo não se pode dizer de algumas estruturas internas.