Mais de um quarto da população mundial tem níveis insuficientes de atividade física, sendo que em Portugal são mais de 40% os adultos com níveis de atividade abaixo do que é considerado recomendado para a saúde. Segundo um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS), divulgado esta quarta-feira e que será publicado na revista The Lancet, 43,4% dos portugueses praticam atividade física considerada insuficiente.

Em todo o mundo são 1,4 mil milhões de pessoas que a OMS estima terem níveis insuficientes de prática de atividade física, o que as coloca em maior risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, demência e alguns tipos de cancro. O relatório indica ainda que entre 2001 e 2016 a evolução da prática de atividade física registou poucos progressos.

“Ao contrário de outros grandes riscos para a saúde, os níveis de atividade física insuficiente não estão a cair a nível mundial, e mais de um quarto dos adultos não atingem os níveis recomendados de atividade física para uma boa saúde”, disse a autora que liderou o estudo, a Regina Guthold.

Os países com mais elevadas taxas de insuficiente atividade física em adultos são o Kuwait (67%), a Arábia Saudita (53%) e o Iraque (52%). Os países onde as pessoas há menos sedentarismo são o Uganda e Moçambique, com apenas 6% da população a praticar menos atividade física do que aquela que é recomendada.

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Portugal atinge mais de 40% de pessoas com insuficiente atividade física, valores mais elevados que os Estados Unidos, o Reino Unido, França ou Espanha. Em termos europeus, Portugal não surge bem posicionado, com vários países a registarem níveis de insuficiente atividade física abaixo dos portugueses. Espanha, França, Holanda ou Suécia não atingem sequer os 30% de atividade física insuficiente.

Também Itália, Grécia, Polónia, Áustria e Alemanha, por exemplo, exibem melhores indicadores que Portugal. A percentagem de pessoas com atividade física insuficiente em Portugal é mais elevada nas mulheres, com 48,5%, enquanto nos homens atinge 37,5%. Para a co-autora do estudo Fiona Bull, é importante “promover e melhorar o acesso das mulheres a oportunidades que sejam seguras, acessíveis e culturalmente aceitáveis”.

Os autores do estudo alertam para o facto de, a manter-se esta tendência, o objetivo da OMS de reduzir para 10% o nível de inatividade física até 2025 corre o risco de não ser atingido. Este estudo da Organização Mundial da Saúde baseou-se em níveis de atividade física reportados pelas próprias pessoas, num inquérito realizado a adultos em 168 países, englobando 1,9 milhões de participantes.