O EQC não vai ver a luz do dia antes do final de 2019. Contudo, apesar da Audi ter anunciado que já começou a fabricar o seu SUV e-tron, que vai revelar dia 17 de Setembro, a Mercedes fez questão de se adiantar à rival: apresentou agora um modelo que não vai comercializar nos próximos 12 meses.
Na apresentação do EQC, vários pormenores estranhos saltaram à vista (de quem queria ver). Um deles teve a ver com a autonomia, com a Mercedes a tentar anunciar um valor mais respeitável. Vai daí, recorreu ao NEDC, sistema antigo de medição europeia que é há muito criticado e que já foi substituído pelo WLTP, mais rigoroso e que atribui valores mais pequenos e mais próximos da realidade.
Depois de, na fase de protótipo, ter prometido 500 km com uma bateria de 70 kWh, a marca alemã aumentou a capacidade para 80 kWh e, ainda que a recorrer a um método ultrapassado, com isso anunciou apenas 450 km. Ora sucede que veículos antigos, que anunciavam uma autonomia em NEDC próxima de 400 km, reduziam para 75% a autonomia se no cálculo fosse utilizado o método WLTP. Isto atira a autonomia do EQC 400 para 337 km. Ou um pouco menos, face ao consumo superior do SUV da Mercedes.
Os americanos também se apressaram a converter o NEDC em EPA, o seu sistema, que tem a particularidade de ser ainda mais próximo da realidade do que o WLTP. E concluíram que o EQC poderia percorrer 200 milhas (322 km) entre recargas. Curiosamente, este mesmo valor foi avançado pelo próprio fabricante em comunicados oficiais. Valor manifestamente baixo (tal como 337 km em WLTP) e que fez os responsáveis da Mercedes USA saltarem de pavor, pelas reacções que estava a causar junto dos clientes. O porta-voz da Mercedes Michael Minielly terá contactado os meios de informação a quem tinha distribuído o press release, pedindo-lhes para por favor não utilizarem as 200 milhas que eles mesmo comunicaram, mas sim os 450 km em NEDC (que os americanos nem fazem ideia o que é).
O único resultado que a Mercedes conseguiu desta emenda sem sentido foi os órgãos de informação relatarem a confusão que reinava na empresa, bem como o desconforto da mesma em relação à autonomia do EQC, o que prejudicou duplamente a imagem do fabricante.