O National Hurricane Center lançou um alerta de furacão, esta quarta-feira, para a maior parte da costa da Carolina do Sul e para toda a costa da Carolina do Norte, devido ao avançar do furacão Florence. O aviso estende-se desde South Santee River, na Carolina do Sul, até Duck, na Carolina do Norte. Esta quarta-feira de manhã, o furacão estava a 925 km a sudoeste de Cape Fear, na Carolina do Norte, e tinha ventos de 215 km/hora. Segundo o National Weather Service, mais de 10 milhões de pessoas vivem nas áreas sob aviso.

“Estão a pôr a vossa vida em risco ao ficarem”, disse o governador da Carolina do Norte, Roy Cooper. “Não planeiem ficar apenas quando os ventos e chuvas fortes começarem”, cita a CNN. As autoridades reforçam que nem as equipas de salvamento podem permanecer na área.

O Florence é um furacão de categoria 3 e deve aproximar-se das Carolinas ainda esta quinta-feira, atingindo terra na sexta: o Hurricane Center alerta para “cheias catastróficas e que colocam a vida em risco e subida significativa do nível das águas dos rios”. Esperam-se tempestades que vão deixar as ruas inundadas com água a três metros de altura. É expectável que o furacão Florence comece a perder força a partir desta quinta-feira mas vai continuar a apresentar-se como “um grande furacão extremamente perigoso” e pode tornar-se o mais destruidor das últimas décadas.

Os efeitos do furacão Florence devem ser sentidos a centenas de quilómetros de distância, incluindo na Virgínia, no Tennessee, no Kentucky e na Geórgia. O Florence deve permanecer a sul do Estado de Washington mas o mais normal é que a região seja afetada por cheias devido à subida do rio Potomac e da baía de Cheasapeake.

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Apesar de ter reduzido modestamente a sua força (inicialmente tinha sido classificado como categoria 4), o furacão aumentou de tamanho. Os ventos de furacão (mais próximos do centro e por isso mais fortes) estão a estender-se até cerca de 113 quilómetros do centro. Já os ventos de tempestade tropical (mais afastados do centro e por isso menos fortes) estão a afetar até 313 quilómetros do centro. A nuvem da tempestade é atualmente do tamanho de quatro estados do Ohio.

Os meteorologistas do National Hurricane Center preveem que a tempestade dure vários dias e assinalam a Carolina do Norte e do Sul e também a Virginia como as zonas mais afetadas pelas chuvas intensas. Os especialistas avançam ainda que o Florence pode comportar-se de forma semelhante ao furacão Harvey, que atacou o Texas em agosto do ano passado: ficar estagnado em terra muito tempo antes de dissipar-se, aumentando o risco de inundações. Os meteorologistas acreditam, por isso, que o furacão Florence “pode produzir inundações catastróficas”. 

Além disso, a tempestade pode provocar ondas com 4,5 metros junto à costa: “Há um risco crescente de impactos ameaçadores à vida por causa do Florence: tempestades na costa, enchentes de água doce causadas por chuvas prolongadas e excecionalmente fortes no interior do país e danos por causa dos ventos fortes dos furacões”, enumera o centro de furacões.

Apesar de o maior impacto ser esperado mais para sul, Washington DC declarou, esta terça-feira, estado de emergência, juntando-se a Maryland, Virginia, Carolina do Norte e Carolina do Sul. No decreto onde fez o pedido, a ‘mayor’ da capital norte-americana justifica a ação com a previsão de “ventos fortes, chuva e subida do nível da água do mar”, com “graves efeitos generalizados na região”. São já cinco os estados norte-americanos a terem tomado esta medida de forma a garantir os recursos para fazer frente ao furacão, descrito por Tom Rice, representante da Carolina do Sul, como “uma grande, poderosa, destrutiva e devastadora besta” que “está a vir na nossa direção”.

Entretanto, Donald Trump falou ao início da noite desta terça-feira, na Sala Oval, e referiu que o país está “pronto como nunca se viu antes”.

A segurança dos americanos é a minha prioridade absoluta. Não estamos a fazer poupanças. Estamos totalmente preparados. Estamos prontos como nunca se viu antes”.

O presidente norte-americano acrescentou ainda que o furacão Florence vai ser “dos grandes, muito maior do que já vimos, talvez em décadas”. “Nunca vimos nada como aquilo que se aproxima de nós em 25, 30 anos. Talvez nunca”.

Já esta quinta-feira, Donald Trump partilhou um vídeo no Twitter onde refere que “é tão grande como nunca se viu”. “Vamos lidar com isto. Estamos preparados, somos capazes, temos as melhores pessoas. Não brinquem com isto, é um grande”, alertou o presidente dos Estados Unidos.

Na Sala Oval, com o presidente Trump, estava Brock Long, representante da Agência Federal de Gestão de Emergências, que falou de uma “tempestade devastadora” e deixou aos habitantes das áreas afetadas a perspetiva do que vão enfrentar nas próximas semanas. “Se lhe pedirem que vá embora, deixe as áreas que vão inundar e dirija-se para instalações que possam suportar os ventos. Há a possibilidade de esta ser uma tempestade muito devastadora. A energia vai estar desligada durante semanas. Vão ser deslocados das vossas casas nas zonas costeiras. Vai haver inundações em zonas interiores também”.

Recorde-se que o furacão Florence está classificado como uma tempestade de categoria 4, afirmou esta segunda-feira o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos. Mas os meteorologistas temem que o furacão ainda evolua para uma tempestade de categoria 5 quando chegar a terra — bastando, para isso, que os ventos cheguem aos 250 km/hora. Mas mesmo que o Florence se mantenha na categoria 4, esta será a tempestade mais forte alguma vez a chegar tão a norte dos Estados Unidos.

Algumas cidades foram evacuadas, afetando cerca de 2,4 milhões de pessoas. Mutiplicam-se os abrigos pelas zonas que se esperam vir a ser mais afetadas e até a Airbnb se juntou à ajuda: e empresa de aluguer temporário de alojamento ativou o programa Open Homes para permitir que quem tem propriedades na área possa oferecer casa às pessoas que tiveram de a evacuar e aos socorristas do furacão. As pessoas vão-se preparando como podem para a chegada do Florence e há várias imagens que mostram prateleiras vazias em vários supermercados nas zonas de maior perigo.

As prateleiras vazias de um supermercado em Myrtle Beach, na Carolina do Sul (GETTY IMAGES)

Entretanto, mais dois furacões já se formaram no oceano Atlântico: o Isaac ameaça as ilhas caribenhas e o Helene está a percorrer precisamente o mesmo percurso que o Florence. Este é um fenómeno potencialmente devastador, diz o Centro Nacional de Furacões, mas expectável: esta segunda-feira chegou-se ao pico da temporada de ciclones tropicais no Atlântico, que ocorre entre 1 de junho e 30 de novembro. A pior fase será nas próximas oito semanas.

Os governadores da Carolina do Norte e da Carolina do Sul foram os primeiros a acionar um alerta de estado de emergência: “Suponha, assuma e presuma que um furacão gigantesco vai bater mesmo no meio da Carolina do Sul e que vai chegar perto da costa. Preparem-se para a possibilidade de um desastre de grande escala“, avisou Henry McMaster, governador da Carolina do Sul. E a população levou os avisos a sério: as universidades cancelaram as atividades letivas e os supermercados encomendaram quantidades maiores de águas e enlatados. Nas estações de serviço, foram longas as filas para abastecimento antes da chegada do furacão à região. Uma cidadã da Carolina do Norte, por exemplo, contou que esteve 30 minutos à espera para colocar gasolina no automóvel.

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O governador da Carolina do Norte explicou, numa conferência de imprensa, que o estado norte-americano enfrenta três ameaças: “Primeiro, a tempestade oceânica da nossa costa, depois os ventos fortes que poderão subir mais do que noutros furacões que tivemos recentemente e, claro, as inundações devido às chuvas fortes”. Ray Cooper assegurou que a Carolina do Norte “leva a sério esta ameaça” e que “todos deveriam fazer o mesmo”. Prevê-se que o furacão passe esta quarta-feira entre as Bahamas e as Bermudas e chegue na quinta-feira à costa norte-americana.