O papa Francisco defende que é necessário restaurar a vida das vítimas de abusos de crianças por membros do clero, rejeitando seguir em frente sem procurar cura e apelando à denúncia de todos os casos.
“Acabar com isto não significa simplesmente seguir em frente, mas procurar uma cura, reparação, tudo o que for necessário para curar feridas e restaurar a vida de tantas pessoas”, disse o papa numa reunião privada que manteve com jesuítas em Dublin, durante a viagem que realizou em agosto à Irlanda, e cujo o conteúdo foi divulgado esta quinta-feira.
Francisco, que se reuniu com mais de cinquenta jesuítas depois de se encontrar durante hora e meia com oito vítimas de abuso sexual na Irlanda, classificou como “um drama” os diversos casos de abusos que estão a ser revelados em vários países, segundo a transcrição do encontro publicada hoje na revista dos jesuítas “Civilità Católica”.
O papa assegurou que lhe custa a acreditar nas histórias que viu documentadas em vários relatórios elaborados recentemente sobre casos de abusos sexuais. Questionado por um dos participantes no encontro sobre o que pode ser feito para lutar contra os abusos, Francisco disse: “temos de denunciar os casos que conhecemos”.
A 20 de agosto, o papa Francisco publicou uma carta dirigida a todos os católicos do mundo, condenando o crime de abuso sexual por parte de padres e o seu encobrimento, exigindo responsabilidades.
Na carta, o papa pediu perdão pela dor sofrida pelas vítimas e disse que os leigos católicos devem envolver-se em qualquer esforço para erradicar o abuso e o seu encobrimento e criticou a cultura clerical que tem sido responsabilizada pela crise, com os líderes da Igreja mais preocupados com a sua reputação do que com a segurança das crianças.