Uma equipa internacional de cientistas descobriu a maneira de estimar os locais onde nasceram as estrelas que fazem parte da Via Láctea, incluindo o Sol. O artigo contou com a colaboração do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA) e foi publicado esta sexta-feira na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

A equipa observou uma amostra de quase 600 estrelas que ficam perto do Sol com o espectógrafo de alta resolução HARPS, montado no telescópio de 3,6 metros do European Southern Observatory, a partir do observatório de La Silla, no Chile. A caracterização muito precisa da massa e dos metais destas estrelas – que já tinha sido feita por investigadores do IA nas estrelas onde se sabe que existem exoplanetas – ajudou na descoberta de que estas nasceram espalhadas por toda a galáxia, com as mais antigas a migrarem das zonas mais interiores.

O comunicado do IA explica que há algum tempo que se sabe que as estrelas nos discos galáticos se afastam do local onde nasceram – um fenómeno que é conhecido como “migração radial”. Este movimento dificulta o estudo da história da formação da galáxia porque a migração radial é afetada por diversos fatores dos quais pouco se conhece: o tamanho e a velocidade da barra no centro da galáxia, o número e a forma exata dos braços em espiral ou a frequência com que pequenas galáxias colidiram com a Via Láctea nos últimos 10 mil milhões de anos, por exemplo.

De forma a contornar estes obstáculos, a equipa de cientistas desenvolveu um método para reconstituir a história de migração das estrelas, utilizando as idades e a composição química das mesmas enquanto artefactos arqueológicos. Este processo foi possível porque a taxa de formação das estrelas aumenta do interior para o exterior do disco da galáxia – com a abundância de alguns elementos a ser muito influenciada pela distância da estrela até ao centro da galáxia.

Desta forma, conhecendo a composição da estrela com precisão, é possível determinar o seu local de nascimento sem ter de recorrer a métodos mais complexos que implicam o cálculo dos valores dos mais diversos fatores. “Esta interessante técnica é única, porque nos permitiu determinar o local de nascimento do nosso Sol. Descobrimos que a nossa estrela pode não ter vagueado pela galáxia tanto quanto pensávamos até agora, e que a distância ao centro da galáxia onde nasceu pode ser semelhante à que tem atualmente”, comentou Vardan Adibekyan, do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço.

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