Em 2015, Lisboa viu nascer um novo mercado urbano. Dentro de contentores, o The Pitch Market deu a conhecer à cidade o que de melhor se fazia em Portugal no que toca ao design e à decoração. Três anos depois, o evento cresceu. A partir de quinta-feira, dia 20 de setembro, a quarta edição desbrava uma nova zona, Belém. O mote da criatividade nacional mantém-se intacto e sempre junto ao rio. “Se queremos fazer um mercado urbano, então tem de ser no meio da cidade e no meio das pessoas”, afirma Tiago Miranda ao Observador.
“Se pensarmos no mercado do design e da decoração em Portugal, ele é dominado por grande marcas internacionais, como a Ikea, a Zara Home e a H&M, ou por lojas multimarca, que são caras e fazem deste um mercado elitista. Aqui, as pessoas surpreendem-se com a qualidade das coisas, com o preço e com o design”, completa Tiago, organizador do evento desde o primeiro dia. Mais do que um mercado para turistas, o objetivo continua a ser levar os portugueses a descobrir o seu próprio design.
À quarta edição, o sucesso do The Pitch Market pode muito bem traduzir-se por números. No ano passado, durante quatro dias, cerca de 125.000 pessoas passaram pelo Terreiro do Paço gerando um volume de negócios na ordem dos 150.000 euros. Um valor resultante de vendas diretas, que deixa por contabilizar as parcerias e projetos que nascem no mercado e se desenrolam fora dele. “O nosso alvo é o grande público, mas o facto é que, pela dimensão que já ganhámos e pela adesão das pessoas, o público profissional, composto por arquitetos, decoradores e outros designers, também nos visitam. A partir daí, surgem parcerias e projetos em conjunto, oportunidades de exportação de produtos e de internacionalização das marcas”, refere Tiago Miranda.
No próximo fim de semana, junto ao Padrão dos Descobrimentos, vão estar 50 marcas portuguesas. Entre veteranos e estreantes, Tiago garante que o país estará representando de Norte a Sul, sem esquecer as ilhas. E também há design vindo do interior. Através do projeto Histórias de Portugal, Ana Almeida, professora na Universidade da Beira Interior, desenvolveu uma coleção de bonecas, cada uma delas ligada à lenda da fundação de uma aldeia histórica portuguesa. Das Caldas da Rainha chega Hugo Ribeiro, designer de equipamento dividido entre objetos utilitários e peças decorativas. Participou na primeira edição do The Pitch Market, quando tinha acabado de sair da faculdade. Três anos depois, está de volta e já com o seu próprio atelier.
Dos utensílios de cozinha aos brinquedos, das formas modernas ao traço rústico, gostos diferentes não são um problema neste mercado. Esta edição fica ainda marcada por aquilo a que podemos chamar uma mudança de visual. A partir de quinta-feira, os icónicos contentores que alojavam as marcas vão dar lugar a casinhas brancas feitas de madeira e à medida para o The Pitch Market. Além de terem mais espaço, as novas estruturas facilitam a exposição dos produtos. Tal como nas edições anteriores, o mercado é coorganizado pela Câmara Municipal de Lisboa.
Também a programação paralela já está fechada. Os workshops vão ensinar os mais curiosos a personalizar móveis antigos, através da velha técnica do “faça você mesmo”, mas também a manusear materiais como a cana e o vime, esta parte sob a orientação de um artesão algarvio que virá a Lisboa para participar no evento. O pacote de atividades fica completo com uma exposição. Sérgio Guerra, um colecionador privado, expõe pela primeira vez um conjunto de cerca de 60 eletrodomésticos das décadas de 60 e 70. De televisões com ar de micro-ondas a máquinas depiladoras de vários tamanhos e feitios, nada como uma amostra do design de outros tempos para pôr o de hoje em perspetiva.
O quê? Pitch Market
Quando? De 20 a 23 de setembro, das 10h às 20h
Onde? Belém, junto ao Padrão dos Descobrimentos (Lisboa)
Quanto? Entrada gratuita