O blogue ‘Mercado de Benfica’ divulgou, na madrugada desta quarta-feira, nova correspondência ligada ao clube da Luz, onde Paulo Gonçalves diz a Luís Filipe Vieira que “seria simpático homenagear” Ricardo Costa com a possibilidade de acompanhar o Benfica a Turim, em Itália, onde os encarnados defrontaram o Sevilha na final da Liga Europa de 2014, depois deste lhe ter pedido dois bilhetes, a pagar, para ele e o sogro.
O antigo assessor jurídico da SAD do Benfica, na altura em plenas funções, escreveu ao presidente das águias sugerindo que o clube oferecesse a viagem e o bilhete para a partida ao antigo presidente da Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol, sendo que a cargo de Ricardo Costa ficaria apenas “o bilhete e a deslocação do sogro”, também ele benfiquista, segundo Paulo Gonçalves.
Ricardo Costa foi o presidente da Comissão Disciplinar da Liga que esteve em funções entre 2006 e 2010, período no qual o Boavista foi punido com descida de divisão e o FC Porto perdeu seis pontos, na sequência do processo ‘Apito Final’.
Mas o ‘Mercado de Benfica’ não ficou por aqui e divulgou ainda uma troca de mensagens no Facebook entre o árbitro Bruno Paixão e o então delegado da Liga Nuno Cabral, que acabaria por trabalhar na Luz como especialista em arbitragem.
A conversa foi parcialmente publicada no site ‘O Polvo’ e mais tarde replicada no blogue ‘Mercado de Benfica’ e mostra o árbitro — de nome completo Bruno Miguel Duarte Paixão, que na conversa aparece apenas identificado como Miguel Duarte – a falar com Bruno Cabral sobre um delegado de jogo da Liga e onde o nome de Luís Filipe Vieira, assim como do próprio Benfica, aparecem mencionados.
Também o negócio da transferência do central Garay para o Zenit, em 2014, aparece descrito nos e-mails entretanto postos a circular na Internet. Segundo revelação feita na troca de correspondência interna dos encarnados, o negócio acabaria por se concretizar por um valor total de 13 milhões de euros, e não seis, como foi comunicado oficialmente pelo clube da Luz.
A 9 de junho de 2014, dias antes de o negócio ser oficializado, Paulo Gonçalves enviou um e-mail a Luís Filipe Vieira onde explicava os termos propostos pelo Zenit para contar com o central argentino. Segundo se pode ler na correspondência, os responsáveis do clube russo “aceitam pagar seis milhões pela transferência do Garay”, mas ofereciam mais três milhões para anular os 10% de mais-valias numa futura transferência de Witsel, acima dos 50 milhões de euros, que o Benfica teria direito. Embora o clube da Luz tivesse pedido quatro milhões de euros por essa anulação, “os auditores do Zenit consideram irreal” esse valor, avançando com a proposta um milhão abaixo.
A juntar aos nove milhões que já seguiam em caixa com Garay e a anulação da percentagem de Witsel, os responsáveis do Zenit “propõem-se pagar 4 milhões de euros para terem o direito de opção de compra, até 31 de agosto de 2015”, de Salvio “por 40 milhões” e de Gaitán, “por 30”.
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O Zenit pedia uma “resposta urgente” à proposta apresentada, que já chegara aos 13 milhões de euros, com os valores extra-Garay. E a verdade é que, segundo Paulo Gonçalves, o empresário Jorge Mendes já havia garantido ao Benfica que o emblema russo não ia “exercer a opção de compra de nenhum deles”, sendo que esta seria “apenas uma forma de conseguir de forma realista completar a operação, pois, caso contrário, a auditoria do clube coloca-lhes reservas”.
Para confirmar todo o negócio, “Jorge Mendes disse que o Zenit estaria disposto a fazer um documento à parte a informar o SLB que não pretende exercer a opção de compra sobre nenhum dos jogadores”, explicava Paulo Gonçalves a Luís Filipe Vieira, que, a todo o e-mail, respondeu apenas “ok”, dando a entender que a resposta ao negócio seria positiva.
Oficialmente, a venda de Garay pelo Benfica ao Zenit foi comunicada à CMVM como sendo fechada por seis milhões de euros, sendo que, destes, 50% seriam devidos ao Real Madrid, clube que detinha o passe de Garay antes de ingressar no Benfica. O emblema espanhol avançou com uma queixa no TAS (Tribunal Arbitral do Desporto), duvidando dos baixos valores envolvidos no negócio e afirmando estar a par de ofertas de montantes superiores, como uma oferta de 15 milhões de euros por parte do Bayern Munique. Ainda assim, em dezembro de 2016, o TAS acabou por dar razão ao Benfica.