Fernando Pinto, o antigo presidente da TAP que esteve à frente da companhia aérea durante 17 anos, foi constituído arguido por suspeita de gestão danosa, avança o Público. O gestor foi constituído arguido há cerca de um ano e meio, segundo o próprio, no seguimento de uma investigação especial feita pela Polícia Judiciária à compra da Varig Engenharia e Manutenção (VEM). Fernando Pinto afirma estar “serenamente” a aguardar julgamento e diz já ter dado “todas as explicações solicitadas” na fase de investigação.
Creio que os factos em causa estão totalmente esclarecidos. O negócio da VEM – com cerca de 13 anos – foi um processo transparente e realizado de boa-fé pela administração da TAP com os dados que tínhamos à época e num contexto de essencial expansão da empresa e da sua área de manutenção”, afirmou Fernando Pinto quanto à investigação.
Luís Ribeiro Vaz, Fernando Alves Sobral, Michael Conolly e Luiz da Gama Mór, antigos gestores da companhia de bandeira portuguesa, foram também constituídos arguidos no mesmo processo. A investigação à compra da VEM teve como base uma denúncia anónima feita no final de 2010 e está agora a cargo do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP).
Em 2016, a Polícia Judiciária tinha feito buscas na sede da TAP com suspeita de que os agora arguidos tinham lucrado com a compra da VEM pela TAP em 2007 (um negócio de 500 milhões de euros). Em declarações ao mesmo meio, Fernando Pinto, que, tendo deixado o cargo de presidente executivo da TAP em 2018 continuou na empresa como consultor, afirmou que o inquérito “nasceu de uma estranha denúncia anónima”.
Numa declaração escrita enviado ao Público, o antigo executivo diz que “o negócio da VEM – com cerca de 13 anos – foi um processo transparente e realizado de boa-fé pela administração da TAP com os dados que tínhamos à época e num contexto de essencial expansão da empresa e da sua área de manutenção”.
Fernando Pinto disse também ter “muito orgulho no legado deixado pela administração”, numa gestão de “cerca de 18 anos que mereceu a confiança de vários governos”. O antigo presidente da companhia aérea refere ainda que tem “total confiança de que será tomada a justa decisão”.
Fernando Pinto deixa a TAP. Antonoaldo Neves é o senhor que se segue
A investigação deste negócio pelo Ministério Público começou em 2013. O pagamento de um prémio de 20% à empresa Geo Capital, dominada pelo empresário chinês Stanley Ho, era, em 2016, uma das suspeitas do processo. À altura, o “problema” referido pelo consultor da TAP da compra da Varig era o acordo que previa que caso o negócio não se realizasse a TAP era “obrigada a adquirir a parte da Geocapital” , acrescendo o prémio já referido. Devido a este negócio a TAP terá herdado um passivo de cerca de 300 milhões de euros.