O Governo venezuelano respondeu ao governo de Portugal que valoriza os portugueses na Venezuela, mas salientou que ali impera o Estado de Direito e a Justiça, depois de Lisboa manifestar “preocupação” pela detenção de empresários portugueses.
“O Governo Bolivariano da Venezuela partilha com o Governo de Portugal o alto valor da comunidade portuguesa no nosso país. São mais de 400 mil luso-venezuelanos honestos, trabalhadores, muito apreciados e respeitados pelo povo da Venezuela”, escreveu o ministro dos Negócios Estrangeiros, Jorge Arreaza, numa mensagem no Twitter.
Numa outra mensagem, apontou que Portugal sabe do “tratamento especial e diferente” que o Governo venezuelano “ofereceu sempre à comunidade portuguesa” e que “ações individuais ou de um pequeno grupo de empresários jamais ofuscará o brilho e qualidades de tão querida comunidade”, numa referência à detenção de mais de três dezenas de gerentes de duas cadeias de supermercados portugueses naquele país.
“Na Venezuela impera o Estado de Direito e de Justiça. As suas instituições investigam qualquer delito que se cometa, sem se preocupar com a origem ou procedência dos suspeitos, garantindo sempre o devido processo e acesso à Justiça”, adianta o governante.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros português informou no sábado que chamou o embaixador da Venezuela em Portugal, Lucas Rincón Romero, para lhe transmitir a “grande preocupação” do executivo português com a situação dos detidos, entre os quais se encontram mais de três dezenas de cidadãos nacionais ou luso-descendentes.
O Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, informou na sexta-feira que mais de três dezenas de gerentes de supermercados tinham sido detidos por violarem a lei, acusados de esconderem produtos aos clientes e alterarem os preços, a meio do programa de recuperação económica que implementaram contra a crise que afeta aquele país sul-americano.
O chefe de Estado Português, Marcelo Rebelo de Sousa, já se pronunciou e publicou uma nota na página oficial da Presidência portuguesa, em que manifestou a sua “extrema preocupação” pelas detenções de portugueses e luso-descendentes e assegurou que está a acompanhar “a posição e as diligências promovidas pelo Governo português”
A grave crise económica, política e social que afeta a Venezuela está a provocar que muitos portugueses e luso-descendentes regressem a Portugal, ao mesmo tempo que cidadãos venezuelanos estão a refugiar-se em países vizinhos.