Os dois suspeitos do homicídio de Luís Grilo vão aguardar os próximos passos judiciais em prisão preventiva — decisão que a advogada de ambos, Tânia Reis, vai considerar impugnar. A viúva Rosa Grilo e António Joaquim, com quem teria uma relação extraconjugal, saíram às 16h00 em ponto do Tribunal Judicial de Vila Franca de Xira escoltados por inspetores da Polícia Judiciária.

A medida de coação máxima foi aplicada pela juíza Andreia Valadas, depois dos interrogatórios aos dois detidos, que só ficaram concluídos este sábado. Na sexta-feira, os trabalhos tinham sido interrompidos depois de ser ouvida apenas Rosa Grilo, a mulher do triatleta detida na quarta-feira.

Rosa Grilo saiu do tribunal de Vila Franca de Xira às 16h00 em ponto, depois de lhe ser decretada prisão preventiva

Os dois detidos chegaram ao tribunal, poucos minutos antes das 9h30 deste sábado. António Joaquim, o homem com quem a suspeita teria uma relação extraconjugal e com o qual terá praticado o crime, começou a ser interrogado logo de seguida.

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A aguardar a chegada e a saída de Rosa Grilo, estavam dezenas de pessoas — embora menos do que as que estavam na sexta-feira — que vaiaram a detida. Também o pai de Rosa Grilo se encontrava no exterior do tribunal, onde tem estado desde o primeiro momento que a filha chegou, na sexta-feira, na tentativa de falar com ela. Este sábado, à chegada, o pai de Rosa Grilo chamou-a e gritou-lhe mensagens de apoio. A suspeita olhou e mandou-lhe um beijo, com a mão. À saída, já algemada, Rosa olhou várias vezes para o pai.

Advogada dos suspeitos pondera impugnação. Decisão é “normal” face à “prova indiciária” e “todo este mediatismo”

A advogado dos alegados coautores do crime considera avançar com a impugnação da decisão do tribunal em manter Rosa e Joaquim em prisão preventiva. “Vou reunir com os meus constituintes e vou ponderar isso”, revelou Tânia Reis aos jornalistas, à saída do tribunal, acrescentando que, no que diz respeito a Rosa Grilo, “há” matéria para avançar com a impugnação. “Quanto ao senhor António não porque é oficial de justiça e a lei prevê que pode ter na sua posse uma arma. A questão é diferente”, explicou.

Tânia Reis não se mostrou surpreendida com a medida de coação promovida e estava à espera que, “por ora, fosse esta a decisão tomada”. A advogada defendeu que prisão preventiva é “normal” face à “prova indiciária” e “todo este mediatismo”.

É normal atendendo à prova indiciária e a todo este mediatismo. Há uma determinada pressão perante o tribunal uma vez que está a ser um caso bastante mediático, bastante falado e atendendo ao lapso de tempo que decorreu entre o desaparecimento do senhor Luís Grilo e até se encontrar o seu corpo”, esclareceu.

A defesa dos suspeitos não esclareceu se Rosa Grilo e António Joaquim admitiram os crimes pelos quais estão indiciados. “A versão deles foi dada”, garantiu, sem dar mais pormenores sobre o que se passou ao longo destes dois dias no Tribunal Judicial de Vila Franca de Xira.

Triatleta assassinado. A chave do mistério estaria, afinal, dentro de casa

Rosa Grilo e António Joaquim foram detidos na quarta-feira, por suspeitas de serem os autores do homicídio de Luís Grilo. O triatleta terá sido morto a 15 de julho. No dia seguinte, a mulher deu conta do desaparecimento às autoridades, alegando que a vítima tinha saído para fazer um treino de bicicleta e não tinha regressado a casa. O corpo acabou por ser encontrado já no final de agosto, com sinais de grande violência, a mais de 100 quilómetros da aldeia onde o casal vivia.

Triatleta assassinado. A relação secreta que acabou em crime

A Polícia Judiciária (PJ) acabou por concluir que foi morto a tiro, em casa, pelos dois suspeitos e deixado depois no local onde foi encontrado. A arma do crime estava em nome do detido, um oficial de justiça de 42 anos. Rosa Grilo e o co-autor do crime terá tido “motivações de natureza financeira e natureza sentimental”, confirmou a PJ numa conferência de imprensa na quinta-feira, na sequência da detenção. A investigação vai prosseguir e a PJ, que tem fortes indícios de ter sido um crime premeditado, ainda está a apurar o móbil do crime.