A 51.ª edição da ModaLisboa, que arranca na quinta-feira, marca o início de um novo ciclo na moda em Portugal, com as associações de Lisboa e do Porto a colaborarem, no âmbito de um protocolo assinado recentemente.
No dia 11 de setembro, a Associação ModaLisboa, que organiza a ModaLisboa, e a Associação Nacional de Jovens Empresários (ANJE), responsável pelo Portugal Fashion, assinaram um protocolo de colaboração que prevê uma nova semana da moda portuguesa. A versão ‘beta’ desta semana de moda, uma espécie de estágio, começa com a 51.ª edição da ModaLisboa, entre quinta-feira e domingo, e prossegue com a 43.ª do Portugal Fashion, de 18 a 20 de outubro.
“É um novo ciclo que se vai iniciar”, afirmou a diretora da ModaLisboa, Eduarda Abbondanza, em declarações à Lusa.
No âmbito desta nova semana da moda, Alexandra Moura volta a apresentar coleções em Lisboa, e o Portugal Fashion deixa de ter um dia de desfiles na capital. Além disso, a Associação ModaLisboa, vai “enviar três designers do LAB [dedicado aos novos talentos] para uma área que eles têm no Portugal Fashion, que é a ‘Brand-Up’, para questões de ‘networking’ com a indústria”.
Apesar de o novo ciclo se iniciar agora, o protocolo “já teve reflexos” em setembro, com Ricardo Andrez e Gonçalo Peixoto, ‘designers’ de moda que habitualmente apresentam coleções na ModaLisboa, a participarem em ‘showrooms’, respetivamente, em Paris e em Milão.
“São criadores nossos e como não temos ainda acesso aos fundos comunitários, não conseguíamos integrá-los [nas semanas da moda no estrangeiro]. Nós temos ‘designers’ que estão prontos para a parte internacional e o Portugal Fashion tem os programas, portanto estamos a iniciar esse intercâmbio já”, referiu Eduarda Abbondanza.
Mas a 51.ª edição da ModaLisboa traz mais novidades. O concurso Sangue Novo, destinado a finalistas de cursos superiores de Design de Moda de escolas nacionais e internacionais e jovens ‘designers’ em início de carreira, passa a ser anual, embora continue a haver duas edições por ano.
“Fazendo reuniões com as escolas [percebemos que] era muito puxado fazer uma edição de Sangue Novo de seis em seis meses, isto porque as escolas têm as apresentações ao final do ano letivo. Então, na edição de março, que calha a meio do ano, os alunos que concorriam, concorriam sozinhos, sem o apoio da escola, o que baixava um bocadinho a competência dos concorrentes”, justificou.
Nesta edição, irá decorrer a primeira eliminatória. “Os cinco escolhidos nesta eliminatória irão receber um prémio monetário, que lhes permite fazer a coleção para março, e o júri fará um acompanhamento maior deste grupo”, explicou.
Ao Sangue Novo concorrem: Archie Dickens, Carolina Raquel, Federico Protto, For all Kind by Saskia Lenaerts, Opiar, Pu Tianqu, Rita Carvalho, The Co. Re, Víctor Huarte, Vítor Antunes.
As propostas dos concorrentes são apresentadas na sexta-feira num desfile coletivo, no Pavilhão Carlos Lopes.
Outra das novidades desta edição é a inclusão de ‘designers’ de moda numa plataforma, “que era só para fotógrafos, e que na última edição foi estendida a ilustradores de moda”, a ‘Workstation’.
Serão cinco os jovens designers a integrá-la, “que saíram do Sangue Novo ou estudaram noutras escolas, que ainda não estão preparados para serem LAB, mas precisam de praticar”: António Castro, Cristina Real, Filipe Augusto, João Oliveira e Tiago Loureiro.
A apresentação das propostas destes jovens está marcada para quinta-feira, na Estufa Fria, antecedendo as habituais ‘Fast Talks’, debates que nesta edição decorrem sob o tema “Street X Fashion”, “refletindo sobre a influência do ‘streetwear’ no design de moda”.
Tanto a ‘Workstation’ como as ‘Fast Talks’ são de entrada livre. Assim como o ‘WonderRoom’, uma ‘pop-up store’ (loja temporária), no qual participam 24 marcas e ‘designers’ nacionais, incluindo os cinco participantes da ‘Workstation’, em áreas como artesanato, têxtil, joalharia, vestuário, acessórios e ‘lifestyle’, que irá funcionar entre sexta-feira e domingo junto ao Pavilhão Carlos Lopes.
Também abertos ao público serão os desfiles do coletivo Awaytomars, no sábado, e da Imauve e de Duarte, no domingo. Estes desfiles irão decorrer no Lago do Botequim do Rei, nas imediações do Pavilhão Carlos Lopes.
Nesta edição, a ModaLisboa volta a dividir-se entre espaços situados no Parque Eduardo VII, com uma exceção: o desfile de Nuno Gama, no sábado, irá acontecer no Museu Nacional de Arte Antiga.
Nesta edição, além dos concorrentes do Sangue Novo, dos participantes do Workstation, de Alexandra Moura, Awaytomars, Imauve e Duarte, apresentam na ModaLisboa as coleções para a primavera do próximo ano: David Ferreira, Valentim Quaresma, Ricardo Preto (sexta-feira), Constança Entrudo, Cia. Marítima, Patrick de Pádua, Aleksandar Protic, Ricardo Andrez, Luís Carvalho (sábado), Carolina Machado, Andrew Coimbra, Olga Noronha, Filipe Faísca, Gonçalo Peixoto, Kolovrat e Dino Alves (domingo).
Entretanto, entre sexta-feira e domingo, haverá “instalações e mesas redondas, em paralelo com momentos de ‘networking’ que visam a disseminação nacional e internacional das últimas tendências do mercado de moda”, no âmbito do ‘Check Point’, “um novo espaço de diálogo, desenhado para criativos, empreendedores e todo o público profissional da Lisboa Fashion Week”, cuja maioria das atividades exige inscrição prévia.
O protocolo de cooperação entre a Câmara Municipal de Lisboa e a Associação ModaLisboa, aprovado em janeiro de 2016, que prevê a realização de seis edições e que a associação promova “ações que garantam o acesso dos vários públicos a este evento e a outras iniciativas da ModaLisboa”, termina nesta edição.
O acordo prevê a cedência de espaços e contribuição, nesta edição, de uma verba de 350.000 euros.