A Volkswagen atirou-se de cabeça para a fabricação de veículos eléctricos, apostando como nenhuma outra marca em modelos mais amigos do ambiente, alimentados por bateria, sobretudo se considerarmos os maiores construtores tradicionais, aqueles que sempre comercializaram veículos que, maioritariamente, recorriam a motores a gasolina e diesel.

Como é habitual no fabricante alemão, a Volkswagen fez tudo à grande, não sendo por acaso que é o maior construtor na Europa e lidera um grupo que é o maior do mundo. Desenvolveu uma nova plataforma específica para veículos eléctricos, a MEB, associou-se a fornecedores de baterias para apressar o processo de investigação e produção e prepara fábricas (no plural) para montar os packs de baterias que vão alimentar não só a gama eléctrica da Volkswagen, mas também a das restantes marcas do grupo.

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O primeiro veículo eléctrico do grupo alemão a ser produzido foi o Audi e-tron, a que deveria juntar-se, no final de 2019, em princípio em Novembro, o primeiro elemento da família I.D., que deverá ser baptizado Neo. Segundo o fabricante, o objectivo era produzir cerca de 1.000 unidades, para começar a expor a versão definitiva ainda antes do início de 2020, ano em que não só se iriam iniciar as vendas, como estava previsto produzir 100.000 unidades. Um valor impressionante, mas muito pouco para uma marca que constrói anualmente mais de 6 milhões de veículos. Basta ver que 100.000 veículos é o que a Tesla fabrica só de Model S e X, uma gota de água face ao que já produz de Model 3 e ainda menos do que espera atingir em breve.

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Mas eis que, apesar da imensa experiência na arte da concepção e produção de automóveis, a Volkswagen já começou a anunciar derrapagens no I.D. Neo. E ainda estamos a mais de 12 meses de o poder ver a circular pela rua. Sem abrir muito o jogo, ou seja, sem apontar os motivos, a marca revelou que “apesar de estar anunciada para começar no final de 2019, a produção do seu primeiro modelo sobre a plataforma MEB não irá arrancar antes de 2020”. E sem especificar se seria logo no início ou, sequer, no primeiro trimestre.

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A fabricação do I.D. Neo vai começar em Zwickau, na Alemanha, não sendo agora evidente se o segundo elemento da família, o I.D. Crozz, previsto para 2020, não virá também a ser deslocado para 2021.

Estas derrapagens trazem à memória os problemas com que a Tesla teve de lidar com o seu Model 3, o seu primeiro veículo de grande produção – o objectivo é atingir 500.000 unidades/ano –, algo que é uma novidade para a marca americana, mas uma ‘gota de água’ para o construtor alemão, uma vez que os 100.000 I.D. representam “apenas” 1,6% da sua capacidade de produção. Mas a fabricação de veículos eléctricos é “uma coisa” nova, que ninguém ainda controla verdadeiramente e, por vezes (quase sempre), há surpresas.