O prémio de Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel, mais conhecido por “Nobel da Economia”, foi atribuído nesta segunda-feira aos norte-americanos William Nordhaus e Paul Romer, anunciou a Real Academia Sueca das Ciências.
William (“Bill”) Nordhaus é um dos académicos mais respeitados na área da economia ligada ao meio-ambiente e, em particular, às alterações climáticas. Já era visto, nos últimos dias, como um dos mais prováveis vencedores, pelos modelos que criou e que calculam a interação entre a economia, o uso de energia e as alterações climáticas.
Em 1993, Nordhaus avisava que “a Humanidade está a arriscar a sua sorte na relação com o ambiente natural, através de uma multiplicidade de intervenções — injetando na atmosfera gases vestigiais como os gases com efeito-estufa ou químicos que libertam ozono, promovendo enormes alterações sobre o uso da territórios como a desflorestação, eliminando várias espécies [animais] nos seus habitats naturais ao mesmo tempo que criam espécies transgénicas em laboratório, e acumulando armas nucleares suficientes para destruir as civilizações humanas”.
Já Paul Romer, que foi economista-chefe do Banco Mundial, é sobretudo conhecido por ter formulado a teoria do crescimento endógeno, decisiva para “integrar a inovação tecnológica na análise macroeconómica de longo prazo”, afirma a Real Academia Sueca das Ciências. Em chamada telefónica audível na cerimónia de entrega dos prémios, Paul Romer também respondeu a questões ligadas às alterações climáticas e salientou que “o problema que temos hoje é que as pessoas pensam que proteger o ambiente vai ser tão difícil e tão oneroso que preferem ignorar o problema e fingir que não existe”.
Romer garantiu, na mesma conversa, que não estava à espera de receber o prémio — de tal forma que ignorou duas chamadas telefónicas ao início da manhã, que eram da academia mas que Romer achou que deviam ser “chamadas de spam“. O académico demitiu-se do Banco Mundial, no início deste ano, depois de ter dado uma entrevista ao The Wall Street Journal onde deu a entender que as inclinações políticas dos técnicos do banco estavam a ter uma influência indesejável na preparação dos rankings mundias sobre os países onde é mais fácil ter negócios.
BREAKING NEWS: ⁰The Royal Swedish Academy of Sciences has decided to award the Sveriges Riksbank Prize in Economic Sciences in Memory of Alfred Nobel 2018 to William D. Nordhaus and Paul M. Romer. #NobelPrize pic.twitter.com/xUs6iSyI7h
— The Nobel Prize (@NobelPrize) October 8, 2018
O prémio, que foi entregue pela primeira vez há exatamente 50 anos pelo banco central sueco (que financia o prémio), não é formalmente um Prémio Nobel — como são os prémios para a ciência, a paz e a literatura (que este ano não vai ser entregue). Mas é a distinção mais prestigiante que um economista pode receber — e, além do prestígio, o vencedor ganha um diploma, uma medalha de ouro e um cheque no valor de nove milhões de coroas suecas (cerca de 850 mil euros, a dividir pelos premiados nos casos em que o prémio é partilhado).
No ano passado, o premiado foi Richard Thaler, cujos estudos ajudam a perceber como o comportamento humano muitas vezes se desvia dos modelos teóricos.
Nobel da Economia. Porque fazemos coisas que sabemos serem más para nós?