Os combustíveis são dos bens que os portugueses residentes junto à fronteira entre o Algarve e Espanha mais procuram no país vizinho, onde uma botija de gás pode custar quase metade do preço do que em Portugal.
Com uma garrafa de gás butano de 13 quilogramas a custar, em média, 26 euros em Portugal, a agência Lusa esteve em Espanha e constatou que o mesmo produto pode ser adquirido por aproximadamente 14 euros em Ayamonte, localidade espanhola separada de Castro Marim e Vila Real de Santo António pelo rio Guadiana.
A média de preços é de 26 euros em Portugal, mas o valor das botijas pode variar consoante as marcas e as localidades, podendo alcançar os 29 euros, o que leva muitos portugueses a dirigirem-se aos postos de combustíveis mais próximos da fronteira para comprar este bem.
Um desses portugueses é Carlos Ramalho, residente em Vila Real de Santo António, que disse à Lusa aproveitar as deslocações a Ayamonte para “com o dinheiro de uma [botija] lá [em Portugal]”, “comprar aqui [em Espanha] duas”.
“E é também o gasóleo. E onde for mais barato é onde a gente tem que ir, não é?”, justificou Carlos Ramalho, frisando que abastece e compra gás em Espanha “já há muitos anos”, porque “uma garrafa lá equivale aqui a duas” e os combustíveis para os automóveis também são mais baratos.
A mesma fonte disse que, de Vila Real de Santo António a Ayamonte, gasta “10 minutinhos para cá e 10 para lá” e a poupança no gasóleo e gás “compensa” a viagem de cerca de 15 quilómetros via ponte internacional sobre o Guadiana.
Ricardo Castro também fez notar a diferença de preço existente dos dois os lados da fronteira, afirmando que “uma garrafa ali em Portugal, em Castro Marim”, localidade onde reside, chega a estar “a 29 euros e aqui é 14,60 euros”.
A mesma fonte disse que vai sempre a Espanha buscar gás e abastecer o automóvel de gasóleo e salientou que costuma levar “muitas coisas, como bebidas”, porque “é tudo muito mais barato do que em Portugal”, considerou.
“Por exemplo, eu ainda no outro dia vim aqui ao [supermercado] Mercadona, em compras de bebidas brancas gastei 200 e poucos euros, e depois, de vez em quando tenho que comprar em Portugal, por causa das faturas, fui comprar precisamente as mesmas bebidas e em Portugal paguei quase 600. Foi uma diferença de quase 300 euros”, quantificou.
Por isso, este empresário algarvio já pouco recorre a bombas de gasolina portuguesas e deu o exemplo de um dia que foi a “Quarteira levar o filho”, não teve tempo para pôr gasóleo em Espanha e viu-se obrigado a pagar mais, porque o preço “lá estava a 1,60 euros o gasóleo”.
“Hoje fui atestar este carro ali na bomba mais em baixo [em Ayamonte] e estava a 1,20 o gasóleo”, contrapôs, frisando que recorre a Espanha “todo o ano” e “em Portugal só mesmo para desenrascar, 10 euros e nada mais”, e “para encher [o depósito] é mesmo em Espanha”.
Apostolache Stancu vive há muitos anos em Vila Real de Santo António e também vai a Espanha “por causa dos combustíveis e gás” e opta por Espanha sempre que “dá jeito e é para escolher entre uma e outra”, porque o valor que se poupa “pesa e nota-se no bolso”, garantiu.
José Carmo, outro dos portugueses que a Lusa encontrou a comprar gás em bombas de gasolina de Ayamonte, disse que tem “duas casas, são duas garrafas de gás, o gasóleo são à volta de 100 litros” por mês e isso, afirmou, “ainda é uma poupançazinha considerável”.