O negócio de Ana Oliveira, de 31 anos, nasceu como tantos outros: de uma falha diagnosticada no mercado. Não que a jovem criativa tenha investido milhares num estudo cheio de conclusões. Enquanto cliente, ela apenas se viu sem opções, já que os acessórios em pele sacrificam quase sempre a criatividade em favor da qualidade. Na cabeça de Ana, nunca houve razão para não juntar as duas. Depois de ter passado pelo design gráfico, pela fotografia e pelo marketing, dedicou-se a criar (e a desenhar) a sua própria marca. “Adorava o que fazia, mas queria criar algo com a minha imagem. A Cluoh não é uma marca de massas, é uma marca que se destaca pelo design”, explica ao Observador.

Os padrões vêm também no interior das malas, sob a forma de postais © Divulgação

No fim de setembro, estas malas com efeito surpresa (é mesmo daí que vem o nome da marca — clutches que suscitam um “Oh!”) foram apresentadas ao mundo. Depois da loja online, a marca teve um lançamento ao vivo e a cores, no Mercadito Blog da Carlota, em Lisboa. E se as cores são importantes. Além dos modelos a que chama “neutros”, há seis padrões para usar debaixo do braço ou pendurados por uma alça de mão. Se, para muitos, a clutch ainda é aquela mala para levar a festas, casamentos e batizados, para Ana, podem ser um acessório do dia-a-dia e com uma pitada de boa disposição. Com riscas, bolas, olhos e máscaras tribais, estas malas foram feitas para serem combinadas entre si. Não é pandã, é só mesmo um convite a misturar.

Associar moda e ilustração é uma espécie de princípio fundador da Cluoh. Desenhados por Ana ou por ilustradores que colaboram pontualmente com a marca, os padrões são exclusivos, usados num único modelo de clutch — existem dois: Frida, 24 por 16, e Pablo, 30 por 20 (centímetros), este último com uma alça para usar à tiracolo — e limitados a edições de 100 peças numeradas. Quando acabarem, darão lugar a novos desenhos, à exceção dos tons neutros — preto, creme e areia –, que formam a coleção permanente. Depois de uma primeira impressão, os detalhes que passam despercebidos. Todas as malas têm um forro bordô, os modelos clássicos trazem ainda um fecho a combinar, e um material interior que as deixa ligeiramente almofadadas. Dentro de cada uma, vem sempre um postal com o mesmo padrão que lhe tingiu a pele.

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Aos 31 anos e depois de ter trabalhado em áreas tão diferentes como a cerâmica e a ourivesaria, Ana Oliveira criou a sua própria marca © Divulgação

Ana confessa que encontrar quem produzisse artigos em pele em quantidades tão limitadas não foi fácil. Ultrapassada essa etapa, foi começar a desbravar um mundo novo, que inclui lidar com fornecedores e assumir o controlo de qualidade. Feitas no Norte, estas clutches são só o primeiro passo de uma marca que quer diversificar o catálogo, mas também unir-se a nomes sonantes da ilustração e das artes plásticas. Sem padrões, os porta-cartões foram lançados no passado fim de semana e chegam à loja online nos próximos dias. Até ao Natal, a Cluoh tenciona apresentar também os porta-moedas, esses sim com novos estampados (vai ser complicado abrir mão dos olhinhos, são um favorito da clientela). Os lenços são outra das ideias que tem na gaveta, bem como a de começar a bordar pequenos detalhes nas malas e carteiras.

As clutches da Cluoh são produzidas na zona do Porto © Divulgação

Recentemente, Ana juntou-se à marca portuguesa Rust & May para lançar uma t-shirt branca bordada. Uma ideia simples que tem estado a agradar e homens e mulheres. A própria Cluoh quer fugir ao rótulo de marca feminina. Os homens também têm gostado das carteiras e clutches, até porque o design simples e clássico faz destas pelas autênticos acessórios unissexo. Ter uma loja própria  também faz parte dos planos desta marca sediada no Porto. para já, está representada na The Feeting Room, em Lisboa e na invicta. No primeiro fim de semana de dezembro, a jovem empresária encerra a temporada dos mercados. A Cluoh vai estar no Winter Market Stylista, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa.

Nome: Cluoh
Data: 2018
Pontos de venda: loja online e The Feeting Room (em Lisboa e no Porto)
Preços: 30€ a 250€

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