O general José Loureiro dos Santos, antigo ministro da Defesa Nacional e ex-Chefe do Estado-Maior do Exército, morreu este sábado em Lisboa, aos 82 anos, vítima de doença, disse à agência Lusa fonte da família.

O velório é este domingo, às 15h00. O corpo vai estar em câmara ardente na capela da Academia Militar, em Lisboa. De acordo com a informação da família, o funeral será realizado na segunda-feira, pelas 11h00, no cemitério de Carnaxide.

Nascido em Vilela do Douro, concelho de Sabrosa, no distrito de Vila Real, em 2 de setembro de 1936, José Alberto Loureiro dos Santos foi ministro da Defesa Nacional entre 1978 e 1980 nos IV e V Governos Constitucionais, chefiados por Carlos Mota Pinto e Maria de Lourdes Pintasilgo, ambos executivos de iniciativa presidencial de Ramalho Eanes.

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Numa nota publicada no site da presidência da República, o Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, afirma que Loureiro dos Santos “teve uma destacada e reconhecida participação na vida pública portuguesa” e “uma contribuição muito relevante para a consolidação da Democracia”. O Chefe das Forças Armadas refere ainda: “Com uma excecional inteligência e vasta experiência académica, o General Loureiro dos Santos era detentor de um pensamento inovador nos conceitos de estratégia e Defesa Nacional, sendo considerado um dos mais notáveis militares da sua geração e o grande mestre da moderna escola de Estratégia em Portugal”.

O General José Alberto Loureiro dos Santos, várias vezes condecorado pelo Estado Português, foi este ano agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, que lamenta a sua morte e envia as mais sentidas condolências à família, aos amigos e às Forças Armadas”, refere nota da presidência da República.

As reações. Ramalho Eanes destaca “personalidade de excelência”

Num artigo de opinião publicado no Expresso, o ex-Presidente da República Ramalho Eanes diz que “Loureiro dos Santos será perpetuado na nossa memória coletiva como uma personalidade de excelência”. “Excelência que conseguiu, primeiro, como aluno, e, depois, como professor, quer do ensino universitário, quer do ensino no Instituto de Altos Estudos Militares”, nota, acrescentando depois muitos outros níveis de “excelência”.

O primeiro-ministro António Costa considera que o general deixou uma “marca indelével na construção e consolidação”  da democracia portuguesa e expressou o “profundo pesar” pela morte de Loureiro dos Santos. O socialista falou aos jornalista no final de um almoço do partido que lidera e afirmou que o militar, mesmo depois de ter terminado o serviço, teve “uma reflexão sempre muito ativa, muito inteligente, muito informada sobre a inserção geoestratégica de Portugal”.

Eduardo Ferro Rodrigues, presidente da Assembleia da República, manifesta tristeza por se ter perdido “uma voz muito presente no espaço público, que contribuiu bastante para a difusão de uma cultura de segurança e defesa em Portugal”. Em nome do órgão legislativo, Ferro Rodrigues afirma: “Quero transmitir à família, aos amigos e ao Exército Português as minhas condolências”. O socialista refere ainda o antigo ministro como um homem “muito respeitado pelos seus pares e muito admirado pelos portugueses”.

João Soares, deputado socialista, disse à Lusa: “Recebo como grande tristeza a morte do general. Quando tive responsabilidades na área da defesa, sob a direção de António José Seguro, várias vezes falei com ele, também quando fiz parte do Conselho Superior de Defesa Nacional. Várias vezes me aconselhei com o general, que nunca deixou de, generosa e inteligentemente, me dar o seu conselho”. O socialista recordou ainda Loureiro dos Santos como “um homem culto e inteligente e com um grande sentido de humor”.

João Gomes Cravinho, o atual ministro da defesa nacional, lamentou também o falecimento do antigo ministro que desempenho o cargo que agora ocupa. “O General Loureiro dos Santos era uma referência incontronável para as Forças Armadas e para a sociedade portuguesa, que transcende o Exército e é um nome que, pelo seu reconhecimento, perdura nas nossas memórias. Era um líder com grande sentido de dever, de lealdade, e de disciplina, uma referência intelectual um grande sentido de dever, de lealdade, e de disciplina, uma referência intelectual inspirado de uma dimensão que vai além do Exército”, afirma o ministro em nota enviada às redações.

O presidente do PSD, Rui Rio, lamentou também a morte de Loureiro dos Santos, considerando-o uma “pessoa de grande valor intelectual”, com uma visão estratégica sobre as relações externas e as questões militares. “O general Loureiro dos Santos habituou-nos a todos a olhar para ele como uma pessoa de grande valor intelectual, seja nas relações externas, seja particularmente nas questões militares”, afirmou Rui Rio, que falava aos jornalistas após uma reunião do Conselho Estratégico Nacional do PSD, em Coimbra.

*Notícia atualizada às 18h00 com mais declarações.