No início deste mês de novembro, novos documentos da investigação “Football Leaks” divulgados pela revista alemã Der Spiegel davam conta de que 11 clubes de futebol de Inglaterra, Espanha, Itália, França e Alemanha se preparavam para assinar um acordo para a criação de uma Superliga Europeia que funcionasse como alternativa à UEFA. Agora, os presidentes da UEFA e da Associação Europeia de Clubes garantem que tudo não passa de “pura ficção”.

Em entrevista à BBC, Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, confirmou que existem “algumas ideias” mas que a “criação de uma Superliga está fora de questão”. “Não vai acontecer, é pura ficção”, acrescentou o líder do organismo que regula o futebol a nível europeu. Andrea Agnelli, presidente da Associação Europeia de Clubes e da Juventus, concordou com as declarações de Ceferin e explicou que a organização que agrega os clubes da Europa “nunca viu, nunca discutiu nem nunca esteve envolvida na criação deste documento”.

Na altura em que a informação relativa à Superliga Europeia foi revelada, ficou patente que nenhum clube português seria integrado na nova competição: estavam incluídos apenas os 11 clubes organizadores (Real Madrid, Barcelona, Manchester United, Manchester City, Liverpool, Arsenal, Chelsea, PSG, Juventus, AC Milan e Bayern Munique) e cinco outros que seriam convidados (Atl. Madrid, Marselha, Inter Milão, Roma e Borussia Dortmund). Andrea Agnelli, membro do Comité Executivo da UEFA, também comentou o facto de vários clubes com um vasto currículo europeu terem sido excluídos dos planos e deu o exemplo do Benfica e do FC Porto mas também do Anderlecht, do Ajax e do Celtic.

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“Será nosso dever preservar as grandes heranças do futebol europeu. Por outro lado, sabemos que é preciso salvaguardar mercados e pensar nos emergentes”, explicou o presidente da Associação Europeia de Clubes, recordando que a possibilidade de criação de uma terceira competição europeia – para se juntar à Liga dos Campeões e à Liga Europa – será discutida em dezembro na reunião do Comité Executivo da UEFA, em Nyon, na Suíça.

O projeto dos 11 clubes passava pela “criação de uma organização multinacional para gerir a Superliga, com poderes administrativos, financeiros e disciplinares” semelhantes aos da UEFA mas “noutra escala”, para além da fundação de uma empresa que teria sede em Espanha e que teria como donos os clubes organizadores e como principais acionistas o Real Madrid, o Barcelona, o Manchester United e o Bayern Munique.

Já em abril, antes de os documentos do “Football Leaks” virem a público, Aleksander Ceferin tinha descartado a hipótese de uma “liga fechada” que agrupasse os maiores clubes europeus. “A certos clubes, digo em voz baixa, mas com calma, firmeza e determinação: não haverá uma liga fechada. Não se insere nos nossos ideais nem nos nossos valores”, disse o esloveno durante o 41.º Congresso da UEFA, para depois acrescentar que o organismo “não vai ceder à chantagem de algumas ligas europeias, que pensam que podem manipular as ligas mais pequenas e ditar as suas leis às federações porque se sentem poderosas pelo dinheiro que geram”.