Há três anos e meio, Ricardo Barbosa e Beatriz Barros perceberam que tinham uma paixão em comum: material de escritório. Ele tinha acabado de sair de um mestrado em Gestão de Marketing, ela terminava o percurso académico na área do Design de Comunicação, já com os cadernos debaixo de olho. A ideia virou negócio em 2015. Minimalista, funcional e com doses concentradas de cor, a Mishmash deu os primeiros passos como marca de cadernos. Num objeto que, para muitos, não tem grande margem para invenções, esta marca portuguesa, sediada em Matosinhos, limitou-se a brincar com formas e grafismos.

O caderno Hilma af Klint, está à venda na loja do Guggenheim, em Nova Iorque, por 22 dólares (19,20 euros)

“Atualmente, [os cadernos] são 99% da nossa produção. No início, queríamos ter começado com outro tipo de produtos, mas fazer só cadernos foi, sobretudo, uma questão prática, por serem mais fáceis e fazer e mais baratos. Mas já estamos a desenvolver coisas novas — caixas arquivadoras, estojos, lápis — para lançarmos no próximo ano”, explica Ricardo. Para já, são 75 as referências disponíveis na loja online da marca e em mais de dez pontos de venda espalhados pelo país. Se contabilizarmos as exportações, falamos de mais de 80% das vendas e de cerca 30 mercados. Sim, estes cadernos correm mundo, através de compras diretas no site, mas também através das dezenas de lojas que os vendem.

Os pequenos blocos (7,5 x 7,5) custam 4 euros

Mas é a personalização que tem alavancado o negócio. A pedido de empresas e instituições, a Mishmash desenha cadernos exclusivos. Depois do Design Museum e do Science Museum, ambos em Londres, a proposta chegou do Museu Solomon R. Guggenheim. Assim que a dupla apontou a mira aos museus, a oportunidade de desenhar e produzir um caderno para um dos mais importantes polos artísticos de Nova Iorque caiu-lhes no colo. “Através do LinkedIn, chegamos a vários buyers e foi a partir daí que o nosso trabalho chegou a alguém que trabalhava na loja do museu”, conta Ricardo.

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O caderno foi lançado na dita loja há um mês e faz parte do guia de compras de Natal do museu. Inspirado na exposição inaugurada em outubro — “Hilma af Klint: Paintings for the Future” –, dedicada à obra da pintora sueca, está disponível em duas versões e traz separadores incorporados, tal como o modelo Fawn, que terá chamado a atenção do Guggenheim. A parceria correu tão bem, que o museu já encomendou uma segunda versão para distribuir por todos os colaboradores.

Ricardo Barbosa e Beatriz Barros, os fundadores da Mishmash

Desenhados e produzidos em Portugal, estes cadernos resultam do trabalho de máquinas, mas também de mãos. “O corte dos separadores, as lombadas cosidas… há coisas que continuam a ser feitas à mão”, explica. Entre os pontos de venda nacionais destacam-se a Loja de Serralves, no Porto, e a Fabrica Features, em Lisboa. A Mishmash continua a crescer. Depois de ter arrancado com um investimento inicial de 10.000 euros, a marca foi financiada por um investidor no início do ano passado. Em 2017, Ricardo e Beatriz, ambos com 27 anos, faturaram 100.000 euros, valor que deverão duplicar no final deste ano. No próximo ano, além de novos produtos, a dupla quer elevar ainda mais a fasquia e chegar ao MoMA.

Nome: Mishmash
Data: 2015
Pontos de venda: loja online (onde tem também uma lista das 12 lojas que vendem artigos da marca)
Preços: de 4 a 48 euros

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