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França. 130 detidos e 24 pessoas feridas em protesto dos "coletes amarelos"

Este artigo tem mais de 5 anos

"Coletes amarelos" estiveram nas ruas de Paris, em confrontos com forças de segurança. Protestos começaram contra aumento dos combustíveis e passaram a pedidos de demissão de Macron. Veja as imagens.

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O movimento dos “coletes amarelos”, que desde há uma semana promove protestos e marchas lentas em França contra o aumento do imposto sobre combustíveis, prometeu bloquear este sábado Paris, através de apelos na rede social Facebook, e fê-lo. A tentativa de chegar à residência oficial do Presidente provocou conflitos com a polícia.

Segundo um balanço feito pelo Ministério do Interior, os confrontos provocaram 24 feridos, cinco deles polícias. Ao todo, 130 pessoas foram detidas. As manifestações deste sábado reuniram ao todo 106 mil pessoas em toda a França, oito mil só em Paris.

Os confrontos começaram de manhã, quando alguns membros do movimento tentaram fugir pelas laterais das barricadas policiais. O objetivo dos manifestantes era chegar ao Palácio do Eliseu, a residência oficial do Presidente francês, mas todas as entradas possíveis estão barricadas com redes e polícias de choque.

A polícia francesa tentou controlar os manifestantes nos Campos Elísios, em Paris, através do lançamento de granadas de gás lacrimogéneo, canhões de água e perímetros de segurança. Sem líder, nem orientação centralizada, os chamados “coletes amarelos” recuaram e avançaram consoante conseguiam, dando indicações em voz alta, e reclamando da ação da polícia. “São as forças da ordem que nos atacaram. Estamos aqui desde manhã e vimo-los a atacar mesmo pessoas mais velhas. Os ‘coletes amarelos’ não são violentos, eles [polícia] é que nos obrigam a agir assim. Por mim, até que a polícia se acalme, vamos ficar aqui”, disse Hervé, vindo da Bretanha com amigos para se manifestar, em declarações à Agência Lusa.

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Se alguns manifestantes escolheram tentar falar com as forças da ordem, outros não hesitaram em atirar pedras e insultar os polícias. “Eles vivem o mesmo que nós, ganham mal e também saem à rua. Hoje estão contra nós e têm ordens de usar a força contra nós, mas nós somos muitos”, disse Oliver, parisiense de 28 anos que agitava a bandeira francesa à frente dos polícias.

A avenida mais famosa de Paris esteve repleta de material de construção, garrafas de vidro e invólucros de gás lacrimogéneo. Os lojistas estão barricados dentro das lojas, espreitando de vez em quando para perceber quando a situação vai melhorar, impotentes contra o derrube de vasos e roubo de cadeiras e mesas por parte dos manifestantes.

Perto da praça da Concórdia, cerca de 20 carrinhas de polícia isolaram esse perímetro, enquanto foram instaladas duas barreiras móveis no centro da avenida e no topo, junto ao Arco do Triunfo, cada uma com mais 20 a 30 carrinhas da polícia, incluindo carrinhas de detenção de manifestantes e camiões com canhões de água.

Esta é uma visão que espantou Emanuel, “colete amarelo” luso-descendente, vindo do Sul de França. “Só viemos dizer que há muitos impostos, não estamos aqui parar partir isto tudo. Espero que o Governo oiça a cidade, é preciso baixar os impostos, apoiar os reformados”, disse o luso-descendente, afirmando que nunca viu “coisas assim” em França.

Governo acusa Marine Le Pen de incentivar protestos. Líder da extrema-direita diz ser bode expiatório

As forças de segurança já estavam preparadas para a intervenção por suspeitarem que movimentos de extrema esquerda e extrema direita, assim como gangues dos subúrbios, se pudessem infiltrar na manifestação. A polícia esperava, só em Paris, mais de 30 mil pessoas, segundo disse Denis Jacob, secretário geral de um dos sindicatos, à Reuters.

O Governo francês acusou mesmo a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, de ter incentivado os manifestantes. Le Pen rejeitou a acusação, declarando que nunca apelou à violência e que está a ser tornada num bode expiatório.

Já o Presidente Emmanuel Macron aproveitou para agradecer aos agentes da polícia. “Não há lugar para estas violências na República”, declarou.

“Coletes amarelos”: o movimento cívico criado nas redes sociais

Os “coletes amarelos” são um movimento cívico à margem de partidos e sindicatos, criado espontaneamente nas redes sociais e alimentado pelo descontentamento da classe média-baixa.

Na página “Frank Buhler – Blog politique – Patriosphère Infos”, o ativista apelou a todos que percorram as ruas de Paris “a pé, a cavalo ou de carro”, repartindo-se por toda a cidade. “A 24 de novembro será Paris bloqueada, a 24 de novembro será Paris cidade morta”, acrescenta Buhler num vídeo colocado no passado dia 18.

Uma outra página na mesma rede social, intitulada “Acte 2 Toute la France à Paris”, criada por Eric Drouet, apela a uma manifestação este sábado na Praça da Concórdia, em Paris. “Esperamos toda a gente, camiões, autocarros, táxis, agricultores, etc…. Toda a gente !!!!!!”, pode ler-se na página.

Os protestos dos “coletes amarelos”, numa referência aos coletes amarelos que todos os automobilistas devem ter nos automóveis para se tornarem visíveis, começaram na manhã do passado dia 17 e mobilizaram centenas de milhares de pessoas em todo o país. Os protestos afetaram também mais de 10 mil camionistas portugueses, disse à Lusa o presidente da Associação de Transportes Públicos Rodoviários de Mercadorias.

O movimento, que alargou os protestos contra a carga fiscal em geral, é um novo obstáculo para o executivo de Emmanuel Macron, que decidiu aumentar os impostos dos combustíveis para promover a transição energética. O Governo decretou um aumento dos impostos dos combustíveis de 7,6 cêntimos por litro para o ‘diesel’ e de 3,9 cêntimos para a gasolina e, a partir de janeiro, serão aplicadas taxas adicionais a estes produtos de 6 e de 3 cêntimos, respetivamente.

Os “coletes amarelos” têm o apoio de 74% da população francesa, segundo uma sondagem publicada na passada sexta-feira.

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