A primeira-ministra britânica, Theresa May, recebeu donativos de campanha do milionário Christopher Moran, agora envolvido num escândalo de prostituição. Em causa está um bloco de apartamentos que pertence à empresa de Moran, onde várias casas são usadas como locais de prostituição. A polémica já levou um membro do Partido Trabalhista a pedir a May que devolva os donativos de Moran.

O caso é resultado de uma investigação do Sunday Times, que conseguiu comprovar que mais de 100 mulheres se prostituem regularmente no bloco de apartamentos conhecido como Chelsea Cloisters, em Londres, como é publicitado em várias páginas online. Segundo o jornal, o prédio é conhecido por ser uma zona de prostituição, de tal forma que é vulgarmente apelidado de “Sodoma e Gomorra”.

Questionada pelo jornal Independent, a Scotland Yard declarou que está a “avaliar” a informação, para determinar “se foram cometidos crimes”.

O bloco de apartamentos, que tem 670 casas — incluindo um escritório de Moran — rendem oito milhões de libras (cerca de nove milhões de euros) por ano em rendas à empresa do milionário. Christopher Moran, de 70 anos, tem uma fortuna avaliada em mais de 400 milhões de euros e é um conhecido da Família Real britânica.

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O milionário é um declarado apoiante do Partido Conservador britânico e terá doado mais de 300 mil euros aos tories. Segundo o Daily Mail, mais de metade desse valor terá vindo diretamente da empresa que é dona do bloco de apartamentos em causa. Moran reagiu às notícias através de um comunicado do seu advogado, garantindo que tem uma política de “tolerância zero” à prostituição nas suas propriedades.

O caso já provocou reações políticas. Gavin Shuker, deputado trabalhista que presidiu a uma comissão parlamentar sobre tráfico sexual, declarou que os conservadores deveriam livrar-se dos donativos do milionário: “Theresa May deve entregar esse dinheiro a associações que apoiem vítimas de tráfico humano e usar os seus poderes para alterar a lei e atacar a procura [em vez da oferta, no trabalho sexual].”

A ativista anti-prostituição Julie Bindel apoiou essa sugestão e relembrou que a primeira-ministra assumiu um compromisso para erradicar o tráfico humano no Reino Unido até 2030. “Esta é uma grande quantidade de dinheiro sujo que ridiculariza a campanha de Theresa May contra a escravatura sexual”, declarou.