Afinal os dinossauros não foram os únicos herbívoros gigantes que viveram no Triássico (há cerca de 250 a 200 milhões de anos). Um réptil, ancestral dos mamíferos, do tamanho de um elefante moderno, caminhou lado a lado com os dinossauros nesse período. O fóssil Lisowicia bojani foi encontrado na Polónia e a descoberta publicada esta sexta-feira na Science.

Lisowicia bojani é um dicinodonte, um grupo de animais herbívoros desdentados que possuíam apenas duas presas na parte da frente do focinho, daí o nome que significa “dois dentes de cão”. Este grupo tinha animais de tamanhos variados, desde os pequenos escavadores, aos herbívoros de grande porte, mas nenhum tão grande como o animal agora descoberto. Lisowicia bojani teria cerca de 4,5 metros de comprimento, 2,6 metros de altura e nove toneladas.

Comparação entre o tamanho do elefante e do dicinodonte encontrado — Tomasz Sulej & Grzegorz Niedzwiedzki

Esta descoberta vem contrariar a ideia de que os dinossauros eram os únicos megaherbívoros naquele período e mostra ainda que os répteis “primos” dos mamíferos atingiram tamanhos tão grandes como aqueles que viriam a ser atingidos pelos mamíferos durante o Eoceno, quase 200 milhões de anos mais tarde.

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“A descoberta do Lisowicia muda as nossas ideias sobre a história mais recentes dos dicinodontes, os parentes dos mamíferos do Triássico”, disse Tomasz Sulej, da Academia Polaca das Ciências. “Também levanta muito mais questões sobre o que realmente fez com que estes animais e os dinossauros fossem tão grandes.”

Uma reconstrução artística de ‘Lisowicia bojani’ com as duas presas frontais — Karolina Suchan-Okulska

O fóssil agora descoberto também revela outro pormenor interessante e que contraria aquilo que era conhecido até ao momento. Aparentemente, o Lisowicia bojani teria os membros colocados por baixo do corpo, como acontece com os mamíferos e os dinossauros, e não com uma posição mais lateral, como acontece com outros répteis — os crocodilos são um exemplo.

O facto de ter sido descoberto na Europa, também revela que estes animais poderiam ter uma distribuição geográfica maior do que se sabia.