Luís Marques Mendes, ex-líder do PSD e comentador político na SIC, não poupou nas palavras para o primeiro-ministro, António Costa, na sequência da tragédia de Borba, acusando-o de frieza e calculismo. “O Presidente da República foi a Borba — e muito bem —, António Costa não foi e devia ter ido”, declarou, depois de ter afirmado que Costa ou outro ministro deveriam ter ido ao local onde ruiu a estrada municipal e onde terão morrido cinco pessoas.

“António Costa devia ter uma palavra de afeto, de humanidade, de solidariedade”, acrescentou o comentador, não sem antes lamentar o “país de contrastes” que é Portugal, organizando “o expoente máximo da modernidade” que é a Web Summit, ao mesmo tempo que se dá “o colapso de uma estrada” e a morte de pessoas. “Quando falou ao terceiro dia falou de uma forma muito fria e calculista”, disse. “Parece que para ele a política conta mais do que as pessoas.”

Para Marques Mendes, para além das responsabilidades criminais — que estão a ser apuradas pelo Ministério Público —, há também responsabilidades políticas. António Anselmo, presidente da câmara de Borba, já se deveria ter demitido, defende, destacando a notícia do Observador sobre a ata da Assembleia Municipal de 2014 que deixa claro que Anselmo tinha conhecimento do estado da estrada. “Deve assumir responsabilidades políticas”, afirma, dando o exemplo de Jorge Coelho, que se demitiu após o desastre de Entre-os-Rios.

Ata mostra que Câmara de Borba desvalorizou alertas em 2014

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Depois das críticas, os elogios ao político que é “o abono de família do Governo”

Se no espaço de comentário semanal do ex-líder social-democrata houve críticas ao Governo relativamente a Borba, houve também elogios. A começar pelo resultado da visita de Estado do Presidente de Angola,  João Lourenço que, para Marques Mendes, “assinalou a normalização das relações Portugal-Angola”. Os maiores elogios, contudo, foram feitos não a Costa mas ao Presidente angolano, que classificou como “uma estrela em ascensão” que está a levar a cabo uma “revolução tranquila”.

João Lourenço foi muito determinado na cruzada contra a corrupção e isso também cria uma boa imagem de Angola”, disse.

Na avaliação aos três anos de Governo, Marques Mendes destacou o papel do primeiro-ministro como “abono de família do Governo” e um político que tem feito História, sobretudo devido à solução inédita governativa, através da geringonça, e aos resultados do défice e da economia.

O comentador destacou, no entanto, que parte do sucesso do Executivo se deve a questões conjunturais, com o “apoio do Presidente da República” e “o PSD no estado em que está”. Se Costa “não tiver maioria absoluta nestas condições, é como um avançado que falha um penálti”, avisa, deixando uma palavra de apreço a Carlos César por ter assumido publicamente o desejo do PS de ter maioria absoluta: “É um exemplo de transparência.”