Nesta altura do ano há duas palavras que são tema de conversa de quase toda a gente: gripe e vacinação. Desde meados de outubro que a Direção-Geral da Saúde declarou “aberta” a época da gripe com a publicação da Norma anual com as diretrizes da vacinação contra o vírus influenza e o aconselhamento para a imunização dos grupos da população considerados mais vulneráveis à infeção e às suas possíveis consequências. Estes grupos são pessoas com idade igual ou superior a 65 anos, doentes crónicos e imunodeprimidos, com 6 ou mais meses de idade, grávidas, profissionais de saúde e outros prestadores de cuidados. A campanha de vacinação arrancou oficialmente a 15 de outubro e continua até ao fim do inverno, sendo de esperar que nas próximas semanas ocorra o pico da epidemia anual de gripe.

Mas é muito importante destacar que o vírus é “democrático” e pode atingir qualquer pessoa, em qualquer idade ou condição e não apenas os grupos identificados como “de risco”.  Muitas vezes temos a ideia que a gripe só atinge os mais idosos e frágeis e que a gripe não mata mas vejamos alguns números que provam o contrário: de acordo com a Organização Mundial de Saúde 5 a 10% dos adultos e 20 a 30% das crianças têm gripe anualmente e, em média, ocorrem entre 3 000 a 4 500 mortes/ano relacionadas com a gripe em Portugal. Quando falamos de mortes relacionadas com a gripe convém referir que esta doença pode agravar a situação de saúde em pessoas com doenças crónicas subjacentes como é o caso da doença isquémica cardíaca, da doença pulmonar obstrutiva crónica e da diabetes. Estes dados falam por si, especialmente se tivermos em conta que é um número mais elevado do que as mortes atribuídas a acidentes de viação/ano, cerca de 500 pessoas.

Muitas pessoas efetivamente não morrem de gripe mas de complicações associadas à patologia.

Adicionalmente, temos de ter em consideração o impacto que a gripe tem em termos sociais e económicos; um indivíduo com gripe, ou enquanto cuidador de outro com gripe, tem de faltar ao trabalho e normalmente tem de recorrer ao médico, o que vem contribuir para sobrecarregar os serviços de saúde, hospitalizações e gastos em medicamentos.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

50 anos da vacinação contra o vírus influenza

Mostrar Esconder

Este ano faz meio século que a vacina contra o vírus da gripe começou a ser comercializada na Europa. Passados 50 anos, a vacinação contra o vírus influenza tem vindo a evoluir em termos de inovação para uma proteção mais alargada da população.

É importante olhar-se para a gripe no seu contexto histórico, que este ano assinala duas datas importantes: em 1947 foi criada a primeira vacina contra a gripe nos Estados Unidos da América, já lá vão 70 anos, e em 1968 a França deu início à comercialização da vacinação sazonal contra o vírus influenza com uma vacina produzida pelo Institut Pasteur Production e pelo Institut Mérieux.

Celebra-se assim, em 2018, os 50 anos do início da vacinação contra a gripe sazonal e que , anos mais tarde, seria transposta para a realidade portuguesa e para o resto da Europa.

Na base da criação dos programas nacionais de vacinação, está a eficácia da vacina contra a gripe, que é reconhecida mundialmente. A Organização Mundial de Saúde é perentória ao afirmar que a medida mais eficaz para prevenir a gripe e as suas consequências é a vacinação anual contra o vírus influenza e disponibiliza alguns indicadores: anualmente, em todo o mundo, as epidemias anuais de gripe provocam entre três a cinco milhões de casos de doença grave e 290.000 a 650.000 mortes.

A prevenção continua a ser o modo mais eficaz de evitar ou reduzir o impacto da gripe, deste modo é fundamental sensibilizar a população para a importância da vacinação e dos seus benefícios individuais e coletivos. Cada vez que uma pessoa se vacina está a contribuir para a sua proteção mas também para proteger quem a rodeia, algo a que chamamos  “proteção de grupo”.

Juntamente com a água potável, a vacinação é das melhores medidas de prevenção de doenças transmissíveis: reduzindo a mortalidade, promovendo a saúde e o crescimento da população a nível global.

O que temos de novo na vacinação da gripe

A inovação e a investigação na área das vacinas traz novidades ao mercado. A mais recente inovação para a prevenção da gripe na Europa é a vacina quadrivalente, aprovada pela Agência Europeia do Medicamento em 2016.

A inovação trazida pelas vacinas quadrivalentes já foi reconhecida pela Organização Mundial de Saúde, que garante que estas fornecem “uma maior proteção contra os vírus da gripe tipo B” e aconselha os programas de vacinação nacionais a não limitarem as opções às atuais vacinas trivalentes.

R&D Toronto Canada

Aliás, o organismo internacional estima que a adoção das vacinas quadrivalentes contra o vírus influenza, que já aconteceu em 24 países europeus, poderia resultar em: menos 1.6 milhões de casos de gripe; menos 37 800 hospitalizações relacionadas com esta doença e suas complicações; e menos cerca de 15 mil mortes, numa única década.

A nova vacina contra a gripe chegou este ano a Portugal e encontra-se disponível nas farmácias, para uma proteção mais alargada da população com idade igual ou superior a 6 meses de idade.