Mais de mil novos casos de infeção por VIH surgiram em Portugal no ano passado, sendo o grupo etário entre os 25 e os 29 anos o que teve taxa mais elevada de novos diagnósticos.

Segundo o relatório “Infeção VIH e sida” relativo a 2017 que esta terça-feira vai ser divulgado pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, no ano passado houve 1.068 novos diagnósticos de VIH, o que corresponde a uma taxa de 10,4 novos casos por 100 mil habitantes.

A idade mediana à data do diagnóstico dos novos casos foi de 39 anos, sendo que nos casos dos homens que têm sexo com homens a mediana registou o valor mais baixo de todos os grupos, com 32 anos. No ano passado registaram-se ainda 261 mortes em pessoas com VIH, 134 delas em estádio sida, a fase mais avançada da infeção. A idade mediana à data da morte foi de 52 anos.

Em termos cumulativos, entre 1983 e final de 2017 foram diagnosticados quase 58 mil casos de infeção por VIH, dos quais mais de 22 mil atingiram o estádio de sida, tendo ocorrido mais de 14.500 mortes.

De acordo com o relatório a que a agência Lusa teve acesso, a área metropolitana de Lisboa acumulou 46% dos novos diagnósticos de infeção por VIH em 2017. Aliás, concluiu-se que seis municípios da área metropolitana de Lisboa estão entre os 10 concelhos do país com taxas mais elevadas de diagnóstico da infeção nos últimos cinco anos, onde se inclui também o Porto e Portimão. Nos últimos cinco anos, a cidade de Lisboa acumulou o maior número de casos, bem como a taxa mais elevada de diagnósticos a nível nacional.

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Em termos de tendência nos últimos anos, o documento do Instituto Ricardo Jorge aponta para uma diminuição de cerca de 40% do número de novos diagnósticos da infeção entre 2007 e 2016. O total anual de novos casos foi sendo crescente entre 1983 e 1999, ano com o maior valor acumulado, observando-se a partir daí uma tendência de diminuição anual.

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Governo vai adaptar respostas face a novos casos

A ministra da Saúde, Marta Temido, disse esta terça-feira que o facto de o foco da infeção por VIH estar a passar de um determinado grupo populacional para outro vai obrigar o Governo a adaptar as respostas atuais.

O facto de “o foco [da doença] estar a passar de uma determinada população para outra tipologia populacional leva-nos a adaptar as respostas e a focar a atenção naquilo que está a ser a evolução e transmissão da doença [VIH] para outros grupos populacionais”, referiu a governante à margem de uma visita ao Centro de Reabilitação do Norte, em Vila Nova de Gaia, no distrito do Porto.

Mais de mil novos casos de infeção por VIH surgiram em Portugal no ano passado, sendo o grupo etário entre os 25 e os 29 anos o que teve taxa mais elevada de novos diagnósticos.

Marta Temidos adiantou que a Direção-Geral da Saúde está a trabalhar “em permanência” nesta questão, frisando que o aumento de casos é um “sinal negativo” que é necessário inverter.

“À medida que a própria evolução da terapêutica da doença foi acontecendo levou a que algumas preocupações com a mesma pudessem abrandar e, portanto, pudemos também imaginar que nalgumas camadas populacionais esse menor cuidado pudesse acontecer, levando a um retardamento da sua identificação”, vincou.

Apesar do “sinal negativo” que é aparecimento de novos casos de infeção por VIH, a ministra salientou as “boas notícias”, nomeadamente a redução da doença em consumidores de injetáveis.

“Esta é uma boa notícia. E demonstra que quando acertamos o foco em determinada situação alcançamos resultados positivos, contudo, temos de estar atentos a sinais menos positivos”, ressalvou.