“Este é o desafio sobre o qual os líderes desta geração serão julgados.” O desafio são as alterações climáticas, o autor da declaração é António Guterres. O secretário-geral das Nações Unidas fez esta segunda-feira um discurso em tom dramático na cerimónia de abertura da Cimeira do Clima, a COP24, em Katowice, Polónia. “Estamos em grandes apuros”, disse, dirigindo-se aos vários chefes de Estado e representantes de governos de todo o mundo sentados na plateia. “Para muitas populações, [as alterações climáticas] já são uma questão de vida ou de morte”, sublinhou o antigo primeiro-ministro português.

Para António Guterres, que diz ser “difícil exagerar a urgência” de atuar no imediato, os governos ainda não estão a fazer o suficiente para combater aquele que disse ser “o problema mais importante com que nos deparamos” neste momento.

“Mesmo testemunhando impactos climáticos devastadores que causam estragos em todo o mundo, ainda não estamos a fazer o suficiente, ainda não avançámos o suficiente para prevenir uma disrupção irreversível e catastrófica do clima”, disse o secretário-geral da ONU frente a representantes de quase 200 países reunidos na 24.ª Cimeira da ONU para o Clima (COP24).

“Resumindo, precisamos de uma transformação completa na economia global energética, assim como na forma como gerimos os recursos territoriais e florestais”, sublinhou.

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O secretário-geral da ONU criticou ainda os países, principalmente os principais emissores de gases de estufa, de estarem a fazer muito pouco, e muito devagar, para evitar as alterações climáticas. E exortou todos a cortar as suas emissões em 45% (em 2030 quando comparado com os valores de 2010) e a chegar às emissões zero em 2050, a única hipótese de manter o aumento das temperaturas abaixo de 1,5 ºC, segundo o mais recente relatório de especialistas.

Impactos das alterações climáticas “nunca foram tão graves”

Para alcançar estes objetivos, Guterres defende que os governos devem abraçar novas oportunidades, em vez de continuarem agarrados ao uso de combustíveis fósseis, como o carvão, responsável por parte significativa da emissão de gases de efeito de estufa.

Na manhã de segunda-feira, o Banco Mundial anunciou que vai mobilizar 200 mil milhões de dólares (176,6 mil milhões de euros) de 2021 a 2025 para ajudar os países em desenvolvimento a lidarem com as alterações climáticas. O financiamento quinquenal representa o dobro do investimento feito de 2017 a 2025.  O anúncio “envia um sinal importante para a comunidade internacional fazer o mesmo”, apontou o Banco Mundial em comunicado.

A COP24 decorre até dia 14 de dezembro em Katovice. As novas tecnologias favoráveis ao clima, a população como líder da mudança e o papel da floresta são os temas centrais que a Polónia quer ver discutidos na reunião mundial do clima que começou no domingo, mas cuja cerimónia oficial de abertura aconteceu esta segunda-feira. Acima de tudo, o encontro servirá para encontrar formas de aplicar o Acordo de Paris, celebrado em 2015.