“Este é o desafio sobre o qual os líderes desta geração serão julgados.” O desafio são as alterações climáticas, o autor da declaração é António Guterres. O secretário-geral das Nações Unidas fez esta segunda-feira um discurso em tom dramático na cerimónia de abertura da Cimeira do Clima, a COP24, em Katowice, Polónia. “Estamos em grandes apuros”, disse, dirigindo-se aos vários chefes de Estado e representantes de governos de todo o mundo sentados na plateia. “Para muitas populações, [as alterações climáticas] já são uma questão de vida ou de morte”, sublinhou o antigo primeiro-ministro português.
Para António Guterres, que diz ser “difícil exagerar a urgência” de atuar no imediato, os governos ainda não estão a fazer o suficiente para combater aquele que disse ser “o problema mais importante com que nos deparamos” neste momento.
“Mesmo testemunhando impactos climáticos devastadores que causam estragos em todo o mundo, ainda não estamos a fazer o suficiente, ainda não avançámos o suficiente para prevenir uma disrupção irreversível e catastrófica do clima”, disse o secretário-geral da ONU frente a representantes de quase 200 países reunidos na 24.ª Cimeira da ONU para o Clima (COP24).
.@UN Chief @antonioguterres at #COP24 in Katowice: "We are in deep trouble with #ClimateChange This meeting is the most important gathering on #ClimateChange since the #ParisAgreement was signed. It is hard to overstate the urgency of our situation." #Talanoa4Ambition pic.twitter.com/kZvDdIKRQW
— UN Climate Change (@UNFCCC) December 3, 2018
“Resumindo, precisamos de uma transformação completa na economia global energética, assim como na forma como gerimos os recursos territoriais e florestais”, sublinhou.
O secretário-geral da ONU criticou ainda os países, principalmente os principais emissores de gases de estufa, de estarem a fazer muito pouco, e muito devagar, para evitar as alterações climáticas. E exortou todos a cortar as suas emissões em 45% (em 2030 quando comparado com os valores de 2010) e a chegar às emissões zero em 2050, a única hipótese de manter o aumento das temperaturas abaixo de 1,5 ºC, segundo o mais recente relatório de especialistas.
Para alcançar estes objetivos, Guterres defende que os governos devem abraçar novas oportunidades, em vez de continuarem agarrados ao uso de combustíveis fósseis, como o carvão, responsável por parte significativa da emissão de gases de efeito de estufa.
Na manhã de segunda-feira, o Banco Mundial anunciou que vai mobilizar 200 mil milhões de dólares (176,6 mil milhões de euros) de 2021 a 2025 para ajudar os países em desenvolvimento a lidarem com as alterações climáticas. O financiamento quinquenal representa o dobro do investimento feito de 2017 a 2025. O anúncio “envia um sinal importante para a comunidade internacional fazer o mesmo”, apontou o Banco Mundial em comunicado.
A COP24 decorre até dia 14 de dezembro em Katovice. As novas tecnologias favoráveis ao clima, a população como líder da mudança e o papel da floresta são os temas centrais que a Polónia quer ver discutidos na reunião mundial do clima que começou no domingo, mas cuja cerimónia oficial de abertura aconteceu esta segunda-feira. Acima de tudo, o encontro servirá para encontrar formas de aplicar o Acordo de Paris, celebrado em 2015.