À medida que decorre o maior julgamento por narcotráfico dos Estados Unidos, que arrancou no dia 13 de novembro, surgem mais novidades sobre a forma como Joaquin “El Chapo” Guzmán conseguiu traficar cerca de 200 toneladas de cocaína e outras drogas em três décadas. Mas, nem tudo correu sempre como planeado durante o transporte.

Juan Carlos Ramirez Abadia, conhecido como “El Chupeta” foi um dos responsáveis do cartel de Sinaloa — o cartel de “El Chapo” — e testemunhou no tribunal de Broklyn, em Nova Iorque. Ao juiz, Ramirez falou sobre o transporte da droga feito a partir pelo mar, tendo em conta que os cartéis, a certo momento, decidiram mudar a rota que utilizavam para os Estados Unidos devido ao maior controlo aéreo que começou a haver na fronteira.

Do transporte da droga aos milhões: como vivia “El Chapo” nos seus tempos de glória, contado em tribunal

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No início, utilizavam-se pequenos barcos de pesca que transportavam a droga do México até águas norte-americanas, ancorando em alto-mar, a cerca de 20 quilómetros da costa e passando, de seguida, a carga para lanchas que levavam a droga para os EUA. No entanto, também aqui o controlo e vigia da costa começou a ser maior, passando a ser necessário transportar o “produto” cada vez mais longe do litoral.

Um dos episódios que Ramirez recordou em tribunal aconteceu quando um dos barcos que se dirigia para o México com 20 mil quilos de cocaína afundou. Tudo porque o capitão da embarcação começou a consumir as drogas que transportava e teve alucinações, imaginando que a Guarda Costeira norte-americana se estava a aproximar. Com medo de ser apanhado, decidiu afundar o barco e despejou toda a carga no oceano.

Ele [o capitão] começou a ver fantasmas em todo o lado e a Guarda Costeira norte-americana em todo o lado”, contou Ramirez no julgamento, falando ainda sobre como se sentiu naquele momento. “Quando vi todo aquele mar, fiquei muito triste”, disse, citado pelo Daily Mail.

O capitão do barco, de 55 anos, foi levado de helicóptero com a ajuda da polícia federal mexicana para tentar recuperar a droga, mas “não conseguia ver mais nada do que apenas o mar”. Os membros do cartel ainda tentaram enviar mergulhadores para encontrar a cocaína perdida, mas esta apenas foi descoberta um ano depois.

Outro episódio que não correu da melhor forma para o cartel de “El Chapo” aconteceu quando um furacão atingiu um navio que transportava 40 mil quilos de cocaína, no valor de 42 milhões de dólares, contou ainda Ramirez, que foi preso no Brasil em 2007 e extraditado para os Estados Unidos, tendo sido acusado por tráfico de droga.

“El Chapo”, considerado o traficante de droga mais poderoso do mundo desde a morte de Pablo Escobar em 1993, é suspeito de ter traficado para os EUA cerca de 200 toneladas de cocaína e outras drogas ao longo de três décadas. O julgamento decorre no Tribunal de Brooklyn, em Nova Iorque, depois de, em 2016, o governo mexicano ter conseguido a extradição do barão da droga para os EUA.