Os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica iniciaram às 00h00 desta quarta-feira a quinta greve este ano e vão realizar concentrações em Lisboa e no Funchal para exigir a conclusão do processo da revisão da carreira.

Segundo os sindicatos que promovem o protesto, a greve afetará praticamente todos os serviços de saúde, com especial incidência nos blocos operatórios, altas e internamentos hospitalares, diagnósticos diferenciados em todas as áreas de intervenção clínica, planos terapêuticos em curso, distribuição de medicamentos e prevenção em saúde.

A greve, a quinta este ano, arrancou às 00h00 desta quarta-feira com uma “paralisação total do trabalho” até às ooh00 de quinta-feira, sendo assegurados “apenas os serviços mínimos previstos na lei”, afirma o Sindicato Nacional dos Técnicos Superiores de Saúde das Áreas do Diagnóstico e Terapêutica.

A paralisação irá decorrer durante todo o mês de dezembro, em dias intercalados, em defesa da conclusão do processo negocial de revisão e regulamentação das carreiras dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica (TSDT). Estes dias de greve são acompanhados por ações de protesto público e denúncias de atitudes de desinvestimento nas áreas dos meios complementares de diagnóstico e terapêutica, referem os sindicatos.

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Os técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica consideram inaceitável que o Governo possa tentar encerrar o processo negocial, unilateralmente, sem acordo com os sindicatos. “O Governo continua sem deixar outra alternativa aos sindicatos e aos TSDT. Marca uma reunião só para o dia 10 de dezembro, sem apresentar, até ao momento, novas propostas negociais, insinuando também a pretensão de encerrar as negociações”, afirma o presidente do sindicato, Luís Dupont.

Por estas razões, os profissionais têm de “continuar a lutar e a exigir uma negociação séria, com apresentação de novas propostas que reponham justiça e igualdade no enquadramento salarial e transições para as novas carreiras”, sublinha.

Os profissionais exigem que o Governo aceite as propostas dos sindicatos de tabela salarial, que concorde com as regras de transição propostas pelos sindicatos, que incluam a colocação dos trabalhadores nas três novas categorias da carreira revista e o “correto descongelamento das progressões” dos profissionais, independentemente do vínculo laboral.

Os TSDT são constituídos por 19 profissões e abrangem áreas como as análises clínicas, a radiologia, a fisioterapia, a farmácia, a cardiopneumologia, entre outras, num total de cerca de 10 mil profissionais em exercício nos serviços públicos de saúde.

Uma centena de técnicos de diagnóstico pede soluções frente ao hospital Santa Maria

Cerca de uma centena de técnicos de diagnóstico concentrou-se esta quarta-feira frente ao Hospital Santa Maria, em Lisboa, reclamando o fim dos 18 anos em que consideram que as suas carreiras ficaram sempre para trás nas negociações com o Governo.

A sindicalista Dina Carvalho, do Sindicato dos Técnicos Superiores de Diagnóstico e Terapêutica, afirmou à Lusa que “se começou sempre com os médicos e os enfermeiros” e cerca de 10.000 trabalhadores foram “sempre os outros”, que não viram as suas carreiras revistas, com grelhas de salários e regimes de transição. Esta quarta-feira, profissionais da administração pública com o mesmo nível de qualificações têm um salário de 1.200 euros e os técnicos de diagnóstico recebem 1.000, referiu.

No primeiro dia da quinta greve que promovem este ano, têm “esperança zero” de que a reunião marcada para a próxima segunda-feira com o Ministério da Saúde resolva alguma coisa, porque não conhecem qualquer proposta do executivo e “não sabem ao que vão”.

José Barão, do Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública, disse que o ministro das Finanças, Mário Centeno, “é a questão central da vergonha” que põe a classe de técnicos a ganhar “menos do que no regime geral das carreiras” da função pública, porque insiste que “estas carreiras não podem provocar impacto orçamental”.

“Há uma grande revolta”, salientou Dina Carvalho, referindo que a última proposta que tiveram da tutela, antes de a pasta da Saúde ter passado para a ministra Marta Temido, impunha que 75% dos técnicos de diagnóstico ganhasse o mesmo, “esteja há um ano ou há 30 anos” na profissão.

“Temos uma mão cheia de nada”, indicou, destacando a importância do trabalho que fazem, que envolve radiologia, cardiologia, fisioterapia, serviços de sangue e praticamente todos os exames de diagnóstico feitos nos hospitais, num total de 19 profissões.