Há fazer a cama e fazer a cama. No caso de Sofia Cassis, não bastou puxar a colcha e esticar os lençóis. Quando foi preciso tirar as grades ao filho de dois anos, agarrou numas tábuas de madeira, num serrote e num martelo, e construiu-lhe uma cama.

Nessa altura a designer de interiores estava algures entre freelancer com clientes pontuais e mãe a tempo inteiro. “Não sei se por estar em casa, acompanhava mais o quarto dos miúdos e achava que todos eram iguais. Nada contra, mas toda a gente vai ao Ikea e eu queria uma coisa diferente.” Daí vieram as tábuas que comprou, já antigas, e que serrou com um formato original: com laterais levantadas na zona dos pés e da cabeceira, para evitar que o filho caísse durante o sono. Sofia queria uma coisa diferente, mas os amigos que viram o que ela construiu quiseram igual. Aos poucos, começaram as encomendas, o catálogo profissionalizou-se e em julho de 2017 nasceu uma marca.

Todas as camas de bambu são feitas à mão, em Lisboa. © Swit

Hoje, a Swit tem seis modelos diferentes, de inspiração escandinava ou vintage, mas a filosofia continua a ser a mesma: camas feitas à mão ou acabadas manualmente, com pormenores únicos, na zona de Sintra e Lisboa. Às primeiras de madeira, a designer juntou entretanto o bambu, antevendo uma tendência que voltou em força nos últimos meses. Mais uma vez, pode agradecer à prole: “Quando a minha filha mais nova nasceu, há três anos, quis que ela tivesse um berço de bambu e acabei por ter de encomendá-lo de França, em segunda mão. Antigamente era só o que se usava mas tinha desaparecido. Fiquei surpreendida.” Da surpresa às incursões em oficinas, encontrou um senhor que ainda sabe fazê-los à mão e desenhou não apenas berços mas também camas de grades e até para solteiro.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Sim, porque a Swit cresceu em tamanho e no próximo ano prepara-se para crescer em altura, com o lançamento dos primeiros beliches, que se vêm assim juntar às camas de gaveta na festa dos quartos partilhados. Dos berços aos tamanhos maiores, todas as camas são feitas por encomenda e os preços variam entre os 300 e os 600 euros.

A primeira cama que Sofia criou: com laterais levantadas na zona dos pés e da cabeceira, para evitar que o filho caísse durante o sono. © Swit

Surpresa das surpresas, os nórdicos que tanto inspiraram o corte do primeiro modelo, feito em casa, são o principal cliente estrangeiro da marca, que também já chegou à Coreia do Sul. Quanto a quem tem pedido mesas de cabeceira para juntar à mobília, vai ter de esperar. Por enquanto a Swit está apostada em dar bons sonhos às crianças. E em termos de decoração, Sofia continua a acreditar que quem faz a cama, faz o quarto inteiro.

Nome: Swit
Data: 2017
Pontos de venda: Loja online e Enfant Terrible
Preços: 300€ a 600€

100% português é uma rubrica dedicada a marcas nacionais que achamos que tem de conhecer.

Artigo originalmente publicado na revista Observador Lifestyle nº 2.