São rosas, senhores, são rosas. Para os socialistas europeus, o Governo de António Costa é um exemplo a seguir para pintar a Europa de cor-de-rosa. Não foi ao acaso que, para lançarem as Europeias, escolheram Lisboa como local do Congresso. O primeiro-ministro e líder do PS foi à abertura do evento esta sexta-feira, no ISCTE, e ouviu Fernando Medina, por graça, a desafiar os socialistas a fazerem de Lisboa a sede permanente dos Congressos. Ouviu também o chefe da delegação do PS em Bruxelas, Carlos Zorrinho, a fazer um espécie de coaching para outros partidos socialistas europeus chegarem ao poder. O eurodeputado explicou qual é “o segredo” para uma Europa socialista. E Costa — que teve até ao momento o maior aplauso do Congresso — faz parte desse segredo.
Numa espécie de intervenção de auto-ajuda política, Zorrinho defendeu que não é preciso “ter medo de falar de algumas palavras, como a felicidade“. Isto porque a felicidade é a ausência de medo e a ausência de uma sensação de falha no processo individual“. O socialismo, defendeu o eurodeputado no mesmo tom de coaching, é “recuperar a esperança, a alegria de viver, o sentido da vida” para proporcionar a “todos uma vida decente, comunidades plurais e saudáveis.” Mas à ideologia, é preciso juntar a confiança, os resultados.
O modelo, para Zorrinho, já existe: é o Portugal de Costa. E, para vencer as Europeias, basta copiá-lo. “A experiência de de governação progressista em Portugal é uma inspiração muito forte para os socialistas europeus”, disse o eurodeputado na intervenção de abertura do Congresso.
Zorrinho elogiou o “grande trabalho de António Costa”, que “soma esperança e confiança” e que leva muitos dos seus camaradas europeus a pedirem-lhe conselhos: “Perguntam-me: qual é o vosso segredo? E eu respondo, o nosso segredo são pessoas competentes. O Governo português tem juntado a visão mobilizadora a concretizações que reforçam a onda de mudança. As narrativas são essenciais, mas os resultados também. É esse o segredo da governação em Portugal e é esse que tem de ser o segredo na Europa”
Já o presidente da câmara de Lisboa, Fernando Medina, começou por dizer que ia “propor que Lisboa seja a casa permanente dos congressos do PS“. Depois, falando para os delegados e aproveitando estar em Lisboa, puxou a brasa à sua sardinha. “Olhem para os presidentes de câmara. Os autarcas das maiores cidades [da Europa] são presidentes de câmara progressistas e, mesmo naquele pequeno número de grandes câmaras que não são progressistas, seguem políticas progressistas”, lembrou Medina, que, ao contrário de Zorrinho, optou por falar em inglês.
Fernando Medina lembra que são “os autarcas que estão na linha da frente a responder aos problemas dos cidadãos” e que “a agenda progressista é a única capaz de responder aos problemas dos cidadãos”. É através deles que, segundo Medina, pode ser feita parte da mobilização das próximas europeias.
O presidente da Câmara Municipal de Lisboa falou depois sobre o “candidato comum” à presidência da Comissão Europeia, Frans Timmermans, dizendo que o holandês será capaz de “levantar a bandeira dos socialistas europeus” mais alto e elogiou o trabalho “absolutamente notável como comissário progressista.” Medina disse ainda a Timmermans: “Espero que Lisboa o possa inspirar.”
Sobre as Europeias, Carlos Zorrinho também disse que é fundamental “combater os anti-europeus” e — aqui enviando farpas ao Partido Popular Europeu — “o projeto neo-liberal que tem liderado a Europa.” Para consumo interno, Zorrinho discordou da ideia que nas Europeias em Portugal “não há voto útil.” Para o eurodeputado do PS “não haverá em maio de 2019 voto mais útil para os votos que foram canalizados para os S&D (o grupo político do Partido Socialista Europeu). É o voto útil que serve para salvar o projeto europeu dos radicalismos e populismos e também do jogo neoliberal”.
Antes de Medina e Zorrinho, Achim Post, deputado alemão e secretário-geral dos Partido Socialista Europeu, lembrou que o grande motivo deste Congresso é ajudar Timmermans a vencer Manfred Weber, candidato a presidente da Comissão Europeia pelo Partido Popular Europeu (de que fazem parte o PSD e o CDS).